Influência Moral do Médium
A Influência Moral do Médium na Qualidade das Comunicações Espirituais: Um Olhar Profundo à Luz da Doutrina Espírita
A comunicação com os Espíritos é uma prática central no Espiritismo, e a figura do médium assume um papel fundamental nesse processo. A capacidade de um médium servir de intermediário entre o mundo espiritual e o plano físico é reconhecida como uma tarefa de grande responsabilidade, pois as informações transmitidas podem impactar profundamente aqueles que as recebem. Neste contexto, a moralidade do médium exerce uma influência direta e decisiva na qualidade das comunicações espirituais.
Afinal, é a conduta ética e espiritual do médium que facilita ou compromete o intercâmbio com Espíritos superiores, os quais buscam transmitir ensinamentos elevados. Portanto, este artigo examina minuciosamente a relação entre a moralidade do médium e a pureza das comunicações espirituais, com base nos ensinamentos da Doutrina Espírita e nas obras de Allan Kardec, que são as fontes seguras e confiáveis para o estudo deste tema.
O Papel do Médium na Comunicação Espírita
A mediunidade é um dom concedido por Deus, e como tal, deve ser exercida com o máximo de seriedade e dedicação. Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, define o médium como “toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos” (Livro dos Médiuns, Capítulo XIV, item 159). Contudo, esse dom não é garantia de elevação espiritual, sendo imprescindível que o médium busque constantemente o aprimoramento moral e intelectual.
O médium atua como um canal de comunicação, mas sua conexão com os Espíritos depende de vários fatores, sendo o mais importante a sua condição moral. Kardec afirma que a pureza das comunicações recebidas está diretamente relacionada à elevação espiritual do médium.
Espíritos de luz, comprometidos com o bem e a verdade, procuram médiuns que compartilham desses mesmos valores, enquanto Espíritos inferiores, muitas vezes maliciosos e enganadores, são atraídos por médiuns que mantêm vícios, orgulhos e inclinações materiais.
A Influência Moral: O Espírito Atrai o Espírito
Na Doutrina Espírita, o princípio de afinidade entre Espíritos rege a qualidade das comunicações. Espíritos superiores buscam transmitir ensinamentos elevados, e para isso, necessitam de médiuns que, além de possuírem aptidão técnica para a mediunidade, estejam moralmente sintonizados com eles. Assim, quanto mais virtuoso e moralmente elevado for o médium, mais elevada será a qualidade da comunicação.
No entanto, a mediunidade em si não é um sinal de evolução espiritual. Kardec é enfático ao afirmar que o médium deve cultivar qualidades morais e espirituais para que sua mediunidade seja útil e bem direcionada.
Espíritos inferiores, que se comprazem em enganar e criar desordem, buscam se comunicar por intermédio de médiuns que ainda estão presos a paixões inferiores, como orgulho, vaidade e materialismo.
Assim, a moralidade do médium não apenas garante a qualidade das mensagens, como também protege o médium dos perigos da obsessão espiritual e da influência de Espíritos inferiores.
A Conduta Moral: Um Requisito Essencial para o Bom Desempenho Mediúnico
A mediunidade, como afirma Kardec, é uma ferramenta de progresso espiritual tanto para o médium quanto para os Espíritos que se comunicam através dele. Entretanto, o desenvolvimento moral do médium é a chave para garantir que essa ferramenta seja utilizada de maneira correta.
Em O Livro dos Médiuns, Kardec sublinha que o médium deve praticar virtudes como a humildade, a caridade, o desapego aos bens materiais e o amor ao próximo, para que se torne digno da assistência de Espíritos superiores.
Os Espíritos também alertam sobre os perigos da vaidade mediúnica. Um médium vaidoso, que se deixa levar pelo orgulho, abre espaço para Espíritos inferiores que podem manipulá-lo. Esses Espíritos se aproveitam da vaidade para iludir o médium, fazendo-o acreditar que suas comunicações são elevadas quando, na verdade, são enganosas e repletas de falsidades.
Dessa forma, o médium que deseja servir verdadeiramente ao bem deve cultivar a humildade, reconhecendo que a mediunidade é um serviço ao próximo e que o verdadeiro mérito reside na sua conduta moral e no compromisso com a verdade espiritual.
O Papel do Estudo e da Prece no Fortalecimento Moral do Médium
Além da moralidade, o estudo contínuo e a prática da prece são fundamentais para o bom desenvolvimento mediúnico. O estudo das obras básicas do Espiritismo, especialmente O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Médiuns, é essencial para que o médium compreenda o processo da comunicação espiritual e esteja preparado para discernir as influências que recebe.
A prece, por sua vez, é uma poderosa ferramenta de elevação espiritual e proteção. No Evangelho Segundo o Espiritismo, os Espíritos recomendam a prática da prece como uma forma de manter o médium em sintonia com as vibrações superiores e afastar as influências negativas. A prece, quando feita com sinceridade e humildade, eleva o pensamento do médium, criando uma barreira natural contra a interferência de Espíritos inferiores.
O Perigo da Fascinação e da Obsessão: A Vigilância Moral como Proteção
A obsessão espiritual é um risco constante para os médiuns que não mantêm uma conduta moral irrepreensível. Espíritos obsessores, que buscam desviar o médium de seu caminho, podem utilizar suas fraquezas morais para manipulá-lo. Kardec explica que a obsessão ocorre quando um Espírito inferior domina o pensamento do médium, levando-o a aceitar como verdade mensagens que são, na realidade, enganosas.
A fascinação, por sua vez, é um tipo de obsessão mais sutil, em que o médium é levado a acreditar que está em contato com Espíritos superiores, quando, na verdade, está sendo enganado por Espíritos inferiores.
A fascinação é particularmente perigosa porque o médium, ao se achar infalível, não aceita conselhos ou advertências. Esse estado pode levar a erros graves, tanto na prática mediúnica quanto na vida pessoal do médium.
Dessa forma, é imprescindível que o médium esteja sempre em alerta, cultivando uma conduta de vigilância moral. Como nos ensina Jesus: “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação” (Mateus 26:41). Essa advertência se aplica perfeitamente ao exercício da mediunidade, pois o médium que ora e vigia está mais protegido contra as investidas dos Espíritos inferiores.
Conclusão
A moralidade do médium é o alicerce da mediunidade segura e produtiva. A prática mediúnica, quando conduzida por um médium moralmente preparado, torna-se um poderoso instrumento de elevação espiritual e esclarecimento para aqueles que a ela recorrem.
Contudo, quando o médium negligencia sua conduta moral, abre portas para influências espirituais negativas, comprometendo a qualidade das comunicações e, em casos mais graves, colocando sua própria vida espiritual em risco.
Portanto, o médium deve ser consciente de sua responsabilidade e trabalhar incessantemente em seu aprimoramento moral, lembrando sempre que a mediunidade é um dom divino que exige dedicação, estudo, humildade e, acima de tudo, uma conduta ética irrepreensível. Ao seguir esses preceitos, o médium estará apto a servir como um canal puro e elevado para a transmissão das verdades espirituais, contribuindo para o progresso da humanidade e para sua própria evolução espiritual.