O Espírito Protetor e a Rebeldia de seu Protegido
O Espírito Protetor e a Rebeldia de seu Protegido
A Doutrina Espírita nos esclarece sobre a presença constante de Espíritos Protetores que nos acompanham ao longo de nossa jornada terrena, auxiliando-nos em nossa evolução moral e espiritual. No entanto, muitas vezes, os protegidos resistem às orientações oferecidas, manifestando uma postura de rebeldia e indiferença. Essa relação complexa é abordada na questão 495 de “O Livro dos Espíritos”, onde Allan Kardec questiona:
“Poderá dar-se que o Espírito protetor abandone o seu protegido, por se lhe mostrar este rebelde aos conselhos?”
A resposta obtida dos Espíritos superiores é esclarecedora:
“Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame.”
Essa resposta nos revela que o Espírito Protetor, mesmo diante da resistência de seu tutelado, não o abandona completamente. No entanto, ao perceber que sua influência não é acolhida e que o protegido insiste em seguir por caminhos tortuosos, ele se afasta, respeitando o livre-arbítrio da criatura.
A Importância do Espírito Protetor
A missão do Espírito Protetor é grandiosa. Ele é um guia designado por Deus para auxiliar cada indivíduo na sua jornada de aprendizado e crescimento espiritual. Seu papel é o de um conselheiro amoroso que, por meio da intuição e dos sentimentos elevados, busca conduzir seu protegido ao caminho do bem.
Contudo, essa assistência divina não fere o livre-arbítrio, pois o indivíduo tem a liberdade de seguir ou rejeitar as orientações que lhe são oferecidas. Esse respeito às escolhas individuais demonstra a justiça e a misericórdia divinas, permitindo que cada ser humano aprenda através de suas próprias experiências.
As Consequências da Rebeldia
A rebeldia do protegido em relação ao Espírito Protetor ocorre quando ele se fecha às inspirações do bem e se deixa influenciar por Espíritos inferiores. Esse afastamento pode levar a consequências dolorosas, pois sem a influência benéfica do guia espiritual, o indivíduo se torna mais vulnerável às adversidades e aos erros.
Allan Kardec, em sua nota à questão 495, reforça esse conceito:
“Nada tem de surpreendente a doutrina dos anjos guardiães, a velarem pelos seus protegidos, mau grado à distância que medeia entre os mundos. É, ao contrário, grandiosa e sublime.”
Isso demonstra que, mesmo quando o protegido se desvia, o Espírito Protetor continua a velar por ele, aguardando o momento propício para reassumir sua influência benéfica.
A Perspectiva de Miramez
O Espírito Miramez, na obra “Filosofia Espírita”, também oferece reflexões valiosas sobre essa relação:
“Quando o anjo-guardião percebe que o seu protegido está sendo rebelde aos seus conselhos, ele insiste de todas as formas, para que o renitente compreenda os objetivos da sua permanência ao seu lado, e se esse fecha os olhos, tampa os ouvidos à ajuda espiritual, dá-se, por amor, o afastamento.”
Miramez destaca que esse afastamento ocorre por amor, pois o Espírito Protetor compreende que, em certos momentos, é necessário permitir que o protegido aprenda através das consequências de suas escolhas. É uma forma de ensinamento que respeita a individualidade e a capacidade de crescimento de cada ser.
O Retorno ao Caminho do Bem
Mesmo que o protegido se afaste das orientações espirituais, ele sempre terá a oportunidade de retomar o caminho correto. O Espírito Protetor jamais o abandona definitivamente e, quando ele demonstrar arrependimento e desejo sincero de melhorar, receberá novamente o amparo espiritual.
Esse retorno é um processo que envolve humildade e disposição para aprender. A prece sincera, a busca pelo autoconhecimento e a prática do bem são meios eficazes para fortalecer essa conexão e permitir que a influência dos bons Espíritos se manifeste de maneira mais intensa.
Conclusão
A relação entre o Espírito Protetor e seu protegido é uma prova do amor divino, que nunca desampara suas criaturas. Mesmo diante da rebeldia e do afastamento, a presença espiritual protetora permanece, aguardando o momento oportuno para auxiliar e guiar o indivíduo novamente pelo caminho da luz.
Cabe a cada um de nós cultivar essa relação, abrindo nossos corações e mentes para as inspirações superiores. Ao fazê-lo, fortalecemos nossa jornada evolutiva, aproveitando ao máximo a assistência que nos é amorosamente oferecida pelos nossos guias espirituais.