O Homem e Sua Opção
O Homem e a Opção Entre seu Espírito Protetor e os Maus Espíritos
A doutrina espírita, em sua vastidão de ensinamentos, nos apresenta um cenário em que a proteção espiritual se faz constante na vida dos encarnados. O Espírito protetor, figura central neste processo, orienta e auxilia seu tutelado na jornada evolutiva. Contudo, a presença de Espíritos inferiores, também conhecidos como maus Espíritos, faz parte da realidade, oferecendo desafios que impulsionam a escolha e a vontade do ser humano.
A questão 497 de O Livro dos Espíritos nos convida a refletir sobre essa relação, destacando que a proteção espiritual é um recurso disponível, mas que cabe ao indivíduo sintonizar-se com as influências que deseja receber. Aprofundemos essa análise à luz da resposta dos Espíritos superiores e do comentário elucidativo do Espírito Miramez na obra Filosofia Espírita.
A Proteção Espiritual e o Livre-Arbítrio
Na questão 497, Kardec pergunta: “Pode um Espírito protetor deixar o seu protegido à mercê de outro Espírito que lhe queira fazer mal?” A resposta dada pelos Espíritos superiores esclarece que os maus Espíritos se unem para tentar neutralizar a ação dos bons. No entanto, ressaltam que cabe ao protegido dar força ao seu protetor por meio de sua conduta e sintonia vibratória. Essa resposta reforça o princípio do livre-arbítrio e da responsabilidade individual na escolha dos influxos espirituais que deseja receber.
O Espírito protetor não abandona seu tutelado arbitrariamente. O afastamento ocorre, muitas vezes, por uma necessidade pedagógica, pois o protegido, em sua jornada de aprendizado, pode se tornar resistente às orientações superiores. Esse afastamento temporário permite ao Espírito encarnado vivenciar as consequências de suas escolhas, servindo como uma ferramenta de amadurecimento moral e espiritual.
A Lei de Afinidade e a Atração dos Espíritos
O comentário do Espírito Miramez aprofunda essa reflexão, abordando a Lei de Afinidade como determinante na interação espiritual. Ele explica que os semelhantes se atraem, e isso ocorre tanto no plano físico quanto no espiritual. Assim como os sábios buscam a companhia de outros sábios e os ricos convivem com outros ricos, os Espíritos inferiores aproximam-se daqueles que vibram na mesma sintonia.
Essa atração é resultado das tendências e desejos do próprio encarnado, que, ao optar por pensamentos e ações inferiores, cria um campo magnético propício à influência de Espíritos moralmente inferiores.
A sabedoria da justiça divina permite que essas interações ocorram para que o Espírito encarnado tenha a oportunidade de aprendizado. Quando um indivíduo se afasta de seu protetor e se deixa envolver por influências inferiores, não significa que foi abandonado, mas sim que entrou em sintonia com essas entidades. Esse processo não é um castigo, mas sim um reflexo da própria escolha, permitindo que ele compreenda a necessidade de reformar-se intimamente para mudar a qualidade das influências que recebe.
O Papel dos Maus Espíritos no Processo Evolutivo
O mal, segundo Miramez, é um bem ainda não esclarecido. Essa visão nos leva a compreender que até mesmo as influências negativas podem ter um papel no desenvolvimento do Espírito. Os maus Espíritos não têm um poder absoluto sobre os encarnados; sua ação se manifesta na medida em que encontram receptividade. Quando um Espírito protetor permite a atuação dos maus Espíritos sobre seu tutelado, não o faz por abandono, mas como parte do aprendizado necessário àquele ser.
Essa dinâmica se assemelha ao processo educativo de uma criança. Os pais, embora cuidem de seus filhos, não podem protegê-los de todas as dificuldades. Permitem que enfrentem desafios para que aprendam com a experiência. Da mesma forma, os Espíritos protetores deixam que seus tutelados experimentem as consequências de suas escolhas, sempre prontos a intervir quando a disposição para o bem ressurge.
A Influência do Pensamento e da Prece
Diante dessa realidade, a forma mais eficaz de manter a sintonia com os bons Espíritos e evitar a influência negativa dos maus Espíritos é cultivar pensamentos elevados e praticar o bem. A prece, como ferramenta de elevação espiritual, fortalece a conexão com os Espíritos protetores e cria uma barreira contra influências inferiores. A fé raciocinada, proposta pelo Espiritismo, incentiva o indivíduo a compreender sua responsabilidade na construção de sua realidade espiritual.
Quando o encarnado se esforça por melhorar-se moralmente, sua vibração se eleva, dificultando o acesso de Espíritos perturbadores. O amor, a caridade e o perdão são elementos que estabelecem uma sintonia com os Espíritos superiores, proporcionando amparo e proteção.
A Escolha
O homem tem diante de si a escolha entre manter-se sob a tutela de seu Espírito protetor ou abrir-se à influência dos Espíritos inferiores. Essa decisão, embora simples em teoria, exige esforço e vigilância constante. O livre-arbítrio confere ao ser humano a responsabilidade por sua trajetória espiritual, cabendo a ele determinar a qualidade das companhias espirituais que atrai.
Os Espíritos protetores não abandonam seus tutelados, mas permitem que experimentem as consequências de suas escolhas para que aprendam e evoluam. A Lei de Afinidade rege as interações espirituais, atraindo semelhantes entre si. Assim, cabe ao homem cultivar valores elevados, praticar o bem e manter sua sintonia com os Espíritos superiores, garantindo a assistência protetora e evitando as armadilhas da influência espiritual negativa.
O Espiritismo nos ensina que a vitória do bem sobre o mal é inevitável, pois a Lei de Amor, vinda de Deus, rege o Universo. A luta entre o bem e o mal, embora aparente, tem um desfecho certo: a prevalência da luz. Jesus, nosso guia e modelo, nos deixou o exemplo do amor incondicional, provando que a verdadeira vitória se dá pelo aprimoramento do Espírito, pela prática do bem e pela elevação moral. A escolha está em nossas mãos, e cabe a cada um decidir com quem deseja caminhar em sua jornada evolutiva.