Instinto de Conservação
Instinto de Conservação: Um Olhar Espírita
A doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, nos oferece uma visão abrangente e profunda sobre as leis que regem o universo e a vida em suas múltiplas manifestações. Entre essas leis, destaca-se a lei de conservação, também conhecida como instinto de preservação, que é fundamental para a manutenção da vida em todas as suas formas.
No contexto espírita, essa lei não é apenas um mecanismo biológico, mas também um princípio espiritual que reflete a sabedoria e o amor divinos na criação.
Exploraremos o conceito do instinto de preservação à luz da doutrina espírita, com base na pergunta 702 de “O Livro dos Espíritos” e no comentário do espírito Miramez. Analisaremos como esse instinto se manifesta em diferentes graus de inteligência, sua importância para a evolução espiritual, e as implicações morais e éticas que ele traz para a nossa conduta na Terra.
A Lei de Conservação na Visão Espírita
Na pergunta 702 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec questiona: “É lei da Natureza o instinto de conservação?”. A resposta dos Espíritos é clara e direta: “Sem dúvida. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o grau de sua inteligência. Nuns, é puramente maquinal, raciocinado em outros.”
Essa resposta revela que o instinto de preservação é universal, presente em todos os seres vivos, desde os mais simples até os mais complexos. Ele se manifesta de diferentes maneiras, dependendo do grau de evolução do ser, mas sempre com o objetivo de proteger e manter a vida.
No ser humano, o instinto de conservação é um dos impulsos mais fundamentais. Ele nos leva a buscar o que é necessário para a sobrevivência, como alimento, abrigo e segurança. Mas, além dessas necessidades básicas, o ser humano, dotado de inteligência e razão, é capaz de transcender o instinto puramente maquinal e compreendê-lo em um nível mais elevado, associando-o à preservação da própria espécie, do meio ambiente e da ordem social.
O Comentário de Miramez sobre o Instinto de Conservação
O espírito Miramez, em seu comentário sobre a pergunta 702 de “O Livro dos Espíritos”, presente na obra “Filosofia Espírita” nos oferece uma reflexão profunda sobre o instinto de preservação. Ele enfatiza que esse instinto é uma lei universal que se manifesta em todas as latitudes da criação, desde o menor ser até os grandes corpos celestes. Segundo Miramez, o instinto de conservação está ligado à consciência e à razão, e se expressa de diferentes maneiras conforme o grau de evolução dos seres.
Miramez nos faz perceber que o instinto de conservação vai além da mera autopreservação física. Ele abrange também a preservação da harmonia, da ordem e da beleza na criação. Isso significa que, à medida que evoluímos, nosso instinto de preservação se torna mais refinado, abrangendo não apenas a manutenção da vida física, mas também a proteção e o cuidado com o meio ambiente, os animais e os recursos naturais.
Ele também destaca que o instinto de conservação é uma expressão do amor de Deus por todas as suas criaturas. Esse instinto é a manifestação de uma lei maior que protege a vida em todas as suas formas e que garante a continuidade da existência e da evolução.
O Instinto de Conservação como Fundamento da Evolução
O instinto de preservação desempenha um papel crucial no processo evolutivo. Desde os primeiros seres que surgiram na Terra até o ser humano atual, esse instinto tem sido um dos motores da evolução, garantindo a sobrevivência das espécies e a adaptação ao meio ambiente.
Nos seres mais simples, como os vegetais e os animais inferiores, o instinto de conservação se manifesta de maneira automática, quase mecânica. Ele impulsiona os seres a buscar o que é necessário para sua sobrevivência, como água, luz, alimento e abrigo. Esse comportamento é programado pela natureza e não requer reflexão ou discernimento.
À medida que os seres evoluem, esse instinto se torna mais complexo e começa a envolver a inteligência e a razão. Nos animais superiores, já é possível observar comportamentos que indicam um nível de discernimento e escolha, como a proteção dos filhotes, a busca por ambientes mais favoráveis e a formação de grupos sociais para garantir a segurança.
No ser humano, o instinto de preservação atinge seu ponto mais elevado, pois se combina com a consciência moral e espiritual. O homem não apenas busca preservar sua vida física, mas também proteger seus valores, suas crenças e sua integridade moral. Ele é capaz de fazer escolhas conscientes que visam ao bem-estar de sua família, de sua comunidade e, em um nível mais elevado, de toda a humanidade.
O Instinto de Preservação e a Responsabilidade Humana
A evolução espiritual nos leva a compreender que o instinto de preservação não se limita à proteção da vida física. Ele envolve também a responsabilidade moral de preservar o que é belo, bom e verdadeiro na criação. Isso inclui a preservação do meio ambiente, dos recursos naturais, dos animais e das relações humanas.
O ser humano, dotado de inteligência e livre-arbítrio, tem a responsabilidade de usar o instinto de conservação de maneira consciente e ética. Isso significa que ele deve evitar o desperdício, a destruição e o desrespeito à natureza e às outras formas de vida. Em vez disso, ele deve buscar maneiras de viver em harmonia com o meio ambiente, respeitando a diversidade e a interdependência de todos os seres.
Miramez nos lembra que as leis divinas estão estabelecidas na criação e que todos nós, como seres conscientes, temos o dever de cooperar com essas leis. Ele nos convida a refletir sobre o papel que desempenhamos na preservação da vida e a agir de maneira responsável e consciente para garantir que as futuras gerações também possam desfrutar das bênçãos da criação.
A Transformação do Instinto de Conservação em Intuição e Amor
À medida que evoluímos espiritualmente, o instinto de conservação se transforma em algo mais elevado: a intuição e o amor. A intuição é uma forma de conhecimento direto, que nos permite perceber a verdade e o bem de maneira imediata, sem a necessidade de raciocínio lógico. Ela é a expressão de uma consciência mais elevada, que se desenvolve à medida que o espírito se purifica e se aproxima de Deus.
O amor, por sua vez, é a expressão mais elevada do instinto de preservação. Ele nos leva a cuidar não apenas de nós mesmos, mas também dos outros, da natureza e de todas as formas de vida. O amor nos ensina a ver a vida como um todo interligado, onde cada ser tem seu lugar e sua importância.
Miramez nos convida a desenvolver o amor e a intuição como formas superiores do instinto de preservação. Ele nos ensina que, ao agir com amor e sabedoria, estamos colaborando com o plano divino e contribuindo para a evolução de toda a criação.
A Preservação da Vida e as Implicações Éticas
No contexto espírita, o instinto de conservação tem profundas implicações éticas. Ele nos leva a questionar nossas atitudes em relação ao meio ambiente, aos animais e aos outros seres humanos. Devemos nos perguntar se nossas ações estão contribuindo para a preservação da vida ou se estamos, de alguma forma, causando dano ou destruição.
A ética espírita nos ensina que devemos agir com responsabilidade, respeitando todas as formas de vida e buscando o bem comum. Isso significa que devemos evitar a exploração desenfreada dos recursos naturais, a crueldade com os animais e a indiferença em relação ao sofrimento dos outros.
Devemos também cultivar a gratidão e o respeito pela vida em todas as suas formas. Miramez nos lembra que o amor de Deus também se expressa através do instinto de preservação, que protege a vida em todos os níveis. Ao respeitarmos e preservarmos a vida, estamos expressando nossa gratidão por esse amor divino e colaborando com a obra da criação.
A Contribuição da Doutrina Espírita para a Preservação da Vida
A Doutrina Espírita nos oferece uma visão ampla e integradora da vida, onde o instinto de preservação é visto como parte de um plano maior, que visa ao bem-estar e à evolução de todos os seres. Ela nos ensina que a vida é sagrada e que temos a responsabilidade de preservá-la em todas as suas manifestações.
O Espiritismo nos convida a desenvolver uma consciência ecológica, onde a preservação do meio ambiente é vista como parte de nossa evolução espiritual. Ele nos ensina que devemos agir como guardiões da natureza, protegendo os recursos naturais, respeitando os animais e cuidando do planeta como um todo.
Além disso, o Espiritismo nos ensina que a preservação da vida inclui também a preservação dos valores morais e espirituais. Devemos preservar a integridade moral, a justiça, a compaixão e o amor, que são os pilares de uma vida plena e harmoniosa.
Conclusão
O instinto de preservação, como ensinado pela doutrina espírita, é uma lei universal que abrange todos os seres vivos, desde os mais simples até os mais complexos. Ele se manifesta de diferentes maneiras, dependendo do grau de evolução de cada ser, mas sempre com o objetivo de proteger e manter a vida.
A reflexão do espírito Miramez nos oferece uma visão profunda e ampliada desse instinto, que vai além da mera autopreservação e abrange a preservação da harmonia, da ordem e da beleza na criação. Ele nos ensina que o instinto de conservação é uma expressão do amor de Deus e que temos a responsabilidade de usá-lo de maneira consciente e ética.
Ao estudarmos e compreendermos o instinto de preservação, somos convidados a desenvolver uma nova consciência, onde a preservação da vida, do meio ambiente e dos valores espirituais se torna parte integral de nossa jornada evolutiva. O Espiritismo nos chama a agir com amor, sabedoria e responsabilidade, colaborando com o plano divino e contribuindo para a evolução de toda a criação.
Que possamos, guiados pelos ensinamentos do Evangelho e pela luz da Doutrina Espírita, cultivar o amor e a intuição como formas superiores do instinto de preservação, e agir de maneira consciente e ética em todas as nossas ações, preservando a vida em todas as suas formas e contribuindo para a harmonia e a paz na Terra e no universo.