18 de outubro de 2024

Conduta Moral

Por O Redator Espírita
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Princípios de Conduta Moral para o Espírita

O Espiritismo, revelado por meio dos ensinos dos Espíritos superiores e codificado por Allan Kardec, nos oferece um guia prático e espiritual para a condução de nossas vidas. Um dos aspectos centrais da doutrina é a moralidade, que se manifesta através de condutas éticas e comportamentos que elevam o ser humano a uma maior compreensão da espiritualidade. O espírita, como seguidor desses preceitos, tem o compromisso de adotar em sua vida posturas coerentes com os ensinamentos trazidos pelos Espíritos.

A Moral Espírita: Baseada no Evangelho

O princípio fundamental da conduta moral espírita está embasado no Evangelho de Jesus. Kardec, ao abordar o Espiritismo como uma filosofia, ensina que ele é uma continuação e ampliação dos ensinamentos cristãos.

No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, os Espíritos nos revelam que o verdadeiro espírita é aquele que coloca os ensinamentos do Cristo em prática, vivendo de forma altruísta, fraterna e compassiva.

O espírita é convidado a seguir o maior mandamento ensinado por Jesus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Esse princípio norteia toda a moral espírita, sendo o amor a base de toda ação correta. No entanto, o amor não deve ser entendido apenas em seu aspecto emocional, mas sim como uma atitude consciente e racional de benevolência, indulgência e perdão.

Benevolência para com Todos

O espírita, como ser em evolução, deve exercitar a benevolência, que é a vontade constante de fazer o bem sem esperar recompensas. A benevolência não se limita apenas à caridade material, mas, sobretudo, à caridade moral, onde o respeito pelas diferenças, a compreensão das dificuldades alheias e a tolerância são essenciais.

No capítulo XIII do Evangelho Segundo o Espiritismo, os Espíritos nos alertam sobre o orgulho e o egoísmo, afirmando que são os maiores obstáculos à prática da benevolência. Para o espírita, é essencial combater essas tendências interiores, buscando ver no outro não apenas as imperfeições, mas também as suas potencialidades.

Indulgência e Perdão

A indulgência é outro princípio de conduta moral essencial para o espírita. Ela se manifesta na capacidade de não julgar de forma severa as faltas dos outros, compreendendo que todos estão em diferentes estágios de evolução.

Allan Kardec, em suas obras, destaca que o julgamento precipitado e a crítica destrutiva são condutas contrárias ao espírito cristão, pois reforçam o orgulho e o egoísmo.

O perdão, aliado à indulgência, é um dos maiores testes de moralidade para o espírita. O Evangelho nos ensina que devemos perdoar “setenta vezes sete”, ou seja, de forma infinita, sem guardar mágoas ou ressentimentos. Isso não significa que devemos aceitar injustiças ou omitir-nos diante do mal, mas sim que devemos aprender a não nos ferir com as atitudes alheias e a manter a paz interior, mesmo em situações de conflito.

Humildade: Reconhecer a Pequenez Diante da Grandeza Divina

A humildade é um dos pilares da moral espírita, uma vez que reconhece a nossa condição de espíritos em constante aprendizado. A arrogância e o orgulho são sentimentos que afastam o homem da verdadeira espiritualidade. O espírita deve entender que a sua sabedoria e progresso são limitados e que, diante da grandeza divina, somos todos aprendizes.

Os Espíritos nos ensinam que a verdadeira humildade não é sinônimo de autoanulação ou submissão cega, mas sim de um reconhecimento sincero das próprias limitações, aliado ao desejo de progredir. O espírita humilde está sempre aberto ao aprendizado, reconhecendo que, mesmo com o conhecimento da doutrina, ainda há muito a ser desvendado.

Trabalho e Ação no Bem

O trabalho é, para o espírita, não apenas uma necessidade material, mas uma forma de evolução espiritual. Kardec explica que o trabalho dignifica o homem e o aproxima de Deus, pois é por meio dele que desenvolvemos nossas faculdades e contribuímos para o progresso da humanidade. Além disso, a ociosidade é vista como um vício que atrasa o desenvolvimento espiritual.

Para o espírita, é importante que o trabalho seja orientado por princípios éticos e que ele seja visto como um meio de servir à coletividade. A ação no bem, ou seja, a busca por fazer o bem a todos, é o complemento do trabalho. O espírita deve atuar na sociedade de forma construtiva, ajudando aqueles que estão ao seu redor e promovendo a fraternidade entre os homens.

Responsabilidade Social e Espiritual

A moral espírita também envolve a responsabilidade social e espiritual que o espírita deve assumir diante da vida em sociedade. Como seguidores dos ensinamentos espíritas, somos responsáveis não apenas por nossas ações, mas também por nossas omissões. A doutrina nos ensina que, ao omitirmo-nos diante do mal, estamos sendo coniventes com ele.

O espírita é, portanto, chamado a atuar de forma ativa na sociedade, promovendo a justiça, a paz e a igualdade. Isso significa engajar-se em causas que visem o bem comum e que estejam alinhadas com os princípios do Evangelho, combatendo o preconceito, a discriminação e as injustiças sociais.

Reforma Íntima: O Caminho para a Elevação Moral

Nenhuma conduta moral espírita pode ser praticada sem que haja uma profunda reforma íntima. O processo de reforma íntima consiste na transformação de nossos pensamentos, sentimentos e ações em consonância com os ensinamentos de Jesus e dos Espíritos superiores. A reforma íntima é um processo contínuo e individual, que exige autoconhecimento, disciplina e vontade.

O espírita deve examinar constantemente suas atitudes, buscando eliminar vícios morais como o orgulho, a vaidade, a inveja, o ciúme, a cólera e tantos outros. Ao mesmo tempo, deve cultivar as virtudes, como a paciência, a mansidão, a humildade e o amor ao próximo.

A Oração e a Conexão com o Mundo Espiritual

A oração, no contexto espírita, não é apenas uma forma de pedir, mas um meio de se conectar com as forças divinas e os Espíritos superiores. A oração é uma ferramenta poderosa de fortalecimento espiritual e moral, pois nos ajuda a elevar nossos pensamentos e nos harmoniza com as energias benéficas do Universo.

O espírita é convidado a orar não apenas em momentos de dificuldade, mas como uma prática diária de elevação moral. Através da prece, podemos pedir auxílio para a reforma íntima, para o fortalecimento da vontade e para a superação dos desafios que a vida nos apresenta.

Caridade como Princípio Fundamental

A caridade, para o espírita, é o princípio mais elevado da moralidade. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, define caridade como benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Portanto, a prática da caridade não está restrita à doação material, mas envolve um comportamento compassivo e compreensivo em todas as esferas da vida.

A caridade moral, que consiste em auxiliar espiritualmente nossos irmãos, é de suma importância para o espírita. Isso inclui oferecer conselhos, orar por aqueles que sofrem, e, acima de tudo, agir com bondade e paciência diante das dificuldades dos outros.

Conclusão

A conduta moral do espírita deve ser reflexo dos ensinamentos do Cristo, aplicados de forma consciente e constante no dia a dia. A prática da benevolência, indulgência, perdão, humildade, trabalho, responsabilidade social, reforma íntima, oração e caridade são os pilares que sustentam essa moralidade.

A doutrina espírita nos convida a um caminho de autotransformação, onde a moralidade é o meio pelo qual atingimos nossa evolução espiritual, aproximando-nos de Deus e dos nossos semelhantes.

Que todos os espíritas possam, ao longo de suas vidas, buscar incorporar esses princípios, conscientes de que a verdadeira espiritualidade se revela nas pequenas ações cotidianas, na forma como tratamos o próximo e na maneira como enfrentamos nossos desafios interiores.