25 de setembro de 2024

Um Estudo Sobre Distinção de Pensamentos

Por O Redator Espírita
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Distinção de Pensamentos: Um Estudo Minucioso Sob a Luz da Doutrina Espírita

O estudo dos pensamentos e sua origem é uma das chaves centrais para o autoconhecimento e o desenvolvimento espiritual dentro da doutrina espírita. A pergunta 464 de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec traz uma questão de extrema relevância para todos aqueles que buscam entender as influências espirituais que nos cercam: “Como distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau?” A resposta dos Espíritos Superiores é clara e concisa: “Estudai o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir.”

A simplicidade da resposta não deve nos enganar. Essa questão abre um campo vasto de reflexão e análise. Kardec nos convida ao estudo e ao discernimento, colocando sobre nós a responsabilidade de analisar os pensamentos que surgem em nossa mente. No entanto, para exercer tal discernimento com eficácia, é necessário o conhecimento profundo das leis espirituais e o cultivo da disciplina mental e moral.

A Influência Espiritual no Campo Mental

Para compreender a distinção dos pensamentos, é essencial entender que o ser humano não vive isolado no universo. O espiritismo nos ensina que estamos em constante interação com o mundo espiritual. Espíritos desencarnados podem influenciar nossos pensamentos, sejam eles bons ou maus, conforme a nossa predisposição mental e moral.

Os pensamentos que surgem em nossa mente não são todos de nossa autoria. Somos constantemente influenciados por ideias externas que entram em nossa casa mental, sejam elas originadas de espíritos encarnados, desencarnados ou mesmo de nosso ambiente. A doutrina espírita nos ensina que a sintonia é a chave para determinar quais tipos de influências iremos receber.

Se vibramos em frequências elevadas, atrairemos espíritos de luz que nos auxiliarão em nosso crescimento espiritual. Se, por outro lado, nos permitimos vibrar em frequências inferiores, seremos suscetíveis às influências de espíritos menos evoluídos, que ainda se encontram presos às ilusões da matéria e das paixões terrenas.

O Condicionamento Mental e Moral

Em seu comentário sobre a distinção dos pensamentos, o Espírito Miramez, na obra Filosofia Espírita, aprofunda essa ideia ao explicar que o condicionamento mental é um fator decisivo para determinar quais pensamentos serão aceitos ou rejeitados por nós. Segundo Miramez, “se nos acostumamos a fazer o bem, a disciplinar a nossa mente, os pensamentos inferiores não acham guarida no nosso campo mental”.

Isso ocorre porque o pensamento, como uma força vibracional, tende a atrair pensamentos de igual natureza. Assim, quando nos habituamos ao bem e ao amor, os pensamentos inferiores não encontram ressonância em nossa mente, e acabam se dissipando.

Por outro lado, quando nossa mente está desorganizada ou habituada às coisas vãs, os pensamentos inferiores encontram um campo fértil para se instalarem. Nesse estado de desordem mental, fica difícil distinguir a origem dos pensamentos, pois a sintonia com os espíritos inferiores é estabelecida de forma inconsciente. É por isso que a prática constante do bem e a disciplina mental são ferramentas indispensáveis para o espírita que deseja manter sua mente protegida e sintonizada com os bons espíritos.

A Função dos Intervalos Mentais

Um aspecto muito interessante abordado por Miramez é a questão dos “intervalos” entre os pensamentos. Ele nos ensina que nossos pensamentos não são contínuos, mas ocorrem em intervalos, e é justamente nesses espaços que estamos mais suscetíveis à influência espiritual.

Durante esses momentos de pausa, as ideias que surgem em nossa mente podem ser fruto de sugestões externas. Aqui reside a importância do discernimento: devemos analisar cuidadosamente as ideias que surgem espontaneamente, verificando se elas estão alinhadas com os princípios do bem e do amor universal.

Se um pensamento nos sugere a prática do mal, da discórdia ou de qualquer ação que prejudique o próximo, podemos estar certos de que sua origem é de um espírito menos evoluído, ou até mesmo de nossos próprios instintos inferiores, que ainda necessitam ser trabalhados e elevados.

Por outro lado, quando um pensamento nos conduz ao bem, à concórdia, à paz e à caridade, sabemos que sua origem está alinhada com os espíritos superiores, que sempre buscam nos orientar para o progresso moral e espiritual.

O Papel da Vigilância e da Prece

A doutrina espírita nos ensina que a vigilância é fundamental para mantermos nossa mente protegida das influências espirituais negativas. Jesus já nos advertia sobre isso quando disse: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mateus 26:41).

A vigilância, nesse contexto, refere-se à atenção constante que devemos ter sobre nossos próprios pensamentos e atitudes. Devemos estar atentos para não permitir que ideias inferiores se instalem em nossa mente, e isso só é possível através do exercício diário do autoconhecimento e da disciplina moral.

A prece, por sua vez, é uma ferramenta poderosa para elevar nossa frequência vibracional e atrair a assistência dos bons espíritos. Quando percebemos que estamos sendo influenciados por pensamentos negativos, devemos recorrer à prece, não apenas para pedir auxílio, mas também para enviar vibrações de amor e luz aos espíritos que possam estar emitindo essas ideias.

Miramez nos orienta a orar pelos espíritos que nos enviam pensamentos desordenados, pois, ao fazer isso, estamos colaborando para a sua transformação e elevação. Esse é um ato de caridade espiritual que beneficia tanto a nós quanto a eles.

A Importância do Discernimento Moral

O discernimento sobre a origem dos pensamentos passa, inevitavelmente, pelo nosso grau de elevação moral. Quanto mais nos aproximamos dos ensinamentos de Jesus e das leis divinas, mais fácil se torna distinguir o que é bom do que é mau. Isso porque os princípios do bem e do mal estão profundamente gravados em nossa consciência.

Quando agimos em conformidade com as leis divinas, sentimos a paz e a harmonia interior, sinais claros de que estamos no caminho certo. Quando nos desviamos dessas leis, experimentamos a inquietude e o sofrimento, indicando que algo está em desarmonia.

A moralidade, portanto, é a base sobre a qual construímos nossa capacidade de discernir. Espíritos superiores, como Miramez, nos orientam a observar nossos próprios pensamentos com atenção, questionando-nos se eles estão de acordo com o amor universal e com os ensinamentos de Cristo. Se assim estiverem, podemos aceitá-los com confiança; caso contrário, devemos rejeitá-los e buscar a correção interior.

O Pensamento como Força Criadora

A doutrina espírita nos ensina que o pensamento é uma força criadora. Quando pensamos, emitimos vibrações que influenciam não apenas a nós mesmos, mas também o ambiente ao nosso redor e os espíritos que nos cercam.

Os pensamentos podem criar realidades mentais que se manifestam em nosso comportamento e em nossas atitudes. Por isso, o controle dos pensamentos é uma questão de grande responsabilidade.

Miramez nos recorda que “as palavras que vêm nos são inspiradas, e, se são boas colaboram com a nossa grandeza, com o nosso crescimento espiritual”. Ele nos exorta a usar as palavras e os pensamentos para criar harmonia e luz ao nosso redor, ajudando aqueles que ainda se encontram presos às trevas da ignorância.

Quando cultivamos pensamentos elevados, estamos não apenas protegendo nossa própria mente, mas também colaborando para a elevação espiritual dos que nos cercam.

O Exercício do Autoquestionamento

Uma das formas mais eficazes de distinguir a origem dos pensamentos é através do autoquestionamento. Quando um pensamento surge em nossa mente, devemos perguntar a nós mesmos: Este pensamento está alinhado com os princípios do bem? Ele promove a paz, a concórdia e o amor ao próximo?

Se a resposta for afirmativa, podemos acolhê-lo com confiança. Se, por outro lado, o pensamento nos induz ao orgulho, à vaidade, ao egoísmo ou à discórdia, devemos rejeitá-lo imediatamente, pois ele não está de acordo com as leis divinas.

O autoquestionamento deve ser uma prática constante para o espírita que deseja progredir moral e espiritualmente. A cada pensamento que surge, devemos analisar sua origem e sua intenção, utilizando como base os ensinamentos de Jesus e a moral cristã. Dessa forma, exercitamos o discernimento e fortalecemos nossa conexão com os espíritos superiores.

Considerações Finais

A distinção dos pensamentos é um exercício diário que requer vigilância, disciplina e conhecimento das leis espirituais. Através da prática do bem, da prece e do autoquestionamento, podemos desenvolver nossa capacidade de discernir entre os pensamentos que procedem de bons espíritos e aqueles que têm origem em espíritos menos evoluídos ou em nossos próprios instintos inferiores.

A doutrina espírita nos oferece as ferramentas necessárias para esse discernimento, ensinando-nos que somos responsáveis pela qualidade dos pensamentos que aceitamos em nossa mente. Ao cultivarmos a moralidade e a disciplina mental, sintonizamo-nos com os espíritos superiores, que sempre nos orientarão no caminho do bem e do progresso espiritual.

Que possamos, a cada dia, vigiar nossos pensamentos e buscar em Jesus e nos espíritos superiores a inspiração para vivermos de acordo com os princípios do amor e da caridade, contribuindo assim para a nossa própria elevação e para a transformação do mundo ao nosso redor.