A Nova Era Sob a Ótica de Fénelon
A Nova Era Sob a Ótica de Fénelon
A doutrina espírita, fundada sobre os pilares da fé raciocinada, da imortalidade da alma e do progresso moral, sempre se mostrou como um convite ao estudo profundo e ao aperfeiçoamento espiritual. No Capítulo I de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec nos traz uma mensagem de grande relevância para a compreensão dos tempos de transformação pelos quais passamos. A instrução de Fénelon, sob o título “A Nova Era”, reflete uma análise espiritual sobre a transição moral da humanidade e a necessidade de vigilância e preparação.
O Advento do Cristo e as Trevas que Retornaram
Fénelon inicia sua mensagem recordando-nos que, em sua inesgotável caridade, Deus permitiu ao homem ver a verdade através da presença do Cristo. Com a encarnação de Jesus, a humanidade recebeu uma luz intensa, capaz de dissipar as trevas da ignorância e do materialismo. No entanto, após a sua passagem, as sombras voltaram a envolver a humanidade. A história confirma essa afirmação: perseguições religiosas, dogmatismos, desvios morais e a instrumentalização do sagrado em proveito de interesses mesquinhos obscureceram a pureza do ensinamento crístico.
O Espiritismo surge, então, como um novo chamado à luz, tal qual os profetas do Antigo Testamento que advertiam os povos. O mundo se abala, a consciência coletiva se agita e aqueles que estiverem atentos perceberão os sinais da grande transição.
O Espiritismo como Lei Divina e a Necessidade de Equilíbrio
A mensagem de Fénelon é enfática ao afirmar que o Espiritismo é de ordem divina, pois se assenta nas próprias leis da natureza. Isso nos leva a refletir sobre a dimensão universal dos princípios espíritas, que não se limitam a uma cultura, religião ou período histórico específico.
Ele também adverte sobre os desvios da ciência, que, ao priorizar apenas o progresso material, pode se converter em um instrumento do “espírito das trevas”. Esse último ponto é crucial na análise dos tempos modernos, onde o desenvolvimento tecnológico avassalador muitas vezes se dissocia de valores morais. Como Fénelon bem assinala, o coração e o amor devem caminhar lado a lado com o conhecimento.
A Revolução Moral: Uma Nova Cruzada
O autor espiritual nos alerta sobre a revolução em curso, que é antes moral do que material. Através da mediunidade, os Espíritos elevados inspiram a humanidade a se reformar, incentivando os “obreiros esclarecidos e ardorosos” a se colocarem a serviço da causa divina.
A referência às virgens loucas do Evangelho de Mateus é uma exortação à vigilância. Aqueles que não estiverem preparados serão surpreendidos pelas mudanças inevitáveis do progresso moral da Terra. Assim, a Nova Era surge como um chamamento à responsabilidade individual, para que cada um compreenda seu papel no processo evolutivo coletivo.
O Papel dos Trabalhadores da Luz
Fénelon encerra sua mensagem com um convite direto à ação. Ele compara os serviços individuais a grãos de areia que, somados, formam as montanhas. Com isso, ele desmistifica a ilusão da inoperância: ninguém é tão pequeno que não possa contribuir para a obra do Cristo.
A Nova Era não é um tempo de expectativas passivas, mas de trabalho ativo. Como os antigos cruzados marchavam em direção à reconquista de Jerusalém, os trabalhadores da luz de hoje devem marchar em direção à instalação do Reino de Deus na Terra, através da reforma íntima e da exemplificação dos valores cristãos.
Engajamento Moral e Espiritual
A mensagem de Fénelon em “A Nova Era” nos traz uma visão ampla e profunda sobre os desafios do momento atual e a necessidade de engajamento moral e espiritual. A Nova Era não é um tempo de espera, mas de ação consciente, onde cada indivíduo deve assumir sua parcela de responsabilidade na grande transformação do mundo.
O Espiritismo, como revelação divina, oferece as ferramentas necessárias para essa jornada, mostrando que o progresso verdadeiro é aquele que une o coração à razão, a fé ao conhecimento e o amor à justiça. Cabe a nós, como trabalhadores da luz, atender ao chamado da Nova Era e seguir adiante, firmes na certeza de que a lei dos mundos é a do progresso.