31 de janeiro de 2025

Afeição de Espíritos de Parentes e Amigos

Por O Redator Espírita
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Afeição de Espíritos de Parentes e Amigos que nos Precederam na Espiritualidade

A Doutrina Espírita nos oferece valiosos ensinamentos sobre as relações entre os dois planos da vida: o material e o espiritual. Um dos aspectos mais reconfortantes dessa interação é a certeza de que nossos entes queridos que nos precederam na jornada espiritual continuam a nutrir sentimentos de afeição e simpatia por nós, participando de nossas vidas e nos amparando em momentos de necessidade.

A questão 488 de O Livro dos Espíritos, bem como as reflexões adicionais de Allan Kardec e o comentário profundo do Espírito Miramez na obra Filosofia Espírita, são bases fundamentais para explorarmos esse tema tão consolador.

A Questão 488 de O Livro dos Espíritos

Allan Kardec, na questão 488, indaga: “Os parentes e amigos, que nos precederam na outra vida, maior simpatia nos votam do que os Espíritos que nos são estranhos?”. A resposta dos Espíritos superiores é clara e direta: “Sem dúvida e quase sempre vos protegem como Espíritos, de acordo com o poder de que dispõem.”

Essa resposta nos revela que os laços de amor e amizade que cultivamos durante nossa existência terrena não se desfazem com a morte do corpo físico. Pelo contrário, eles transcendem as barreiras do túmulo, transformando-se em vínculos espirituais que se manifestam de diferentes formas, dependendo da evolução e das possibilidades de cada Espírito.

Adicionalmente, Kardec aprofunda o tema com a pergunta: “São sensíveis à afeição que lhes conservamos?”. A resposta é igualmente consoladora: “Muito sensíveis, mas esquecem-se dos que os olvidam.” Essa explicação nos faz refletir sobre a importância de mantermos vivos em nossos corações os sentimentos de amor, gratidão e lembrança por aqueles que partiram, pois tais vibrações chegam até eles, fortalecendo os laços que nos unem.

Os Ensinamentos do Espírito Miramez

O Espírito Miramez, em sua obra Filosofia Espírita, aprofunda os conceitos apresentados por Kardec ao tratar da “Afeição de Parentes e Amigos”. Ele destaca que os Espíritos que nos precederam frequentemente renunciam ao conforto espiritual que conquistaram para nos ajudar em nossas dificuldades. Miramez menciona que essa assistência ocorre tanto de maneira direta, em forma de intuições e inspirações, quanto por meio dos processos reencarnatórios, quando esses Espíritos, movidos por laços de amor, escolhem retornar ao nosso convívio para nos auxiliar em nossa evolução.

Miramez também nos convida a refletir sobre o conselho do apóstolo Pedro: “Granjeai amigos”. Quanto mais laços de amizade verdadeira formarmos, mais teremos com quem contar, tanto no plano físico quanto no espiritual. O amor e a amizade são forças poderosas que transcendem qualquer barreira, unindo os Espíritos em todos os níveis de existência. Essa realidade reforça a importância de cultivarmos relacionamentos sinceros e altruístas, fundamentados nos ensinamentos do Evangelho de Jesus.

A Participação dos Espíritos em Nossas Vidas

Os Espíritos dos nossos parentes e amigos desempenham um papel ativo em nossas vidas. Segundo os ensinamentos espíritas, eles se aproximam de nós em momentos de alegria, compartilhando nossas conquistas, e em momentos de dificuldade, oferecendo-nos forças e amparo. Essa assistência, contudo, está condicionada ao grau de afinidade e evolução entre as partes, bem como às possibilidades de atuação de cada Espírito.

Miramez enfatiza que esses Espíritos, sensíveis às nossas lembranças e preces, sofrem com nossas escolhas equivocadas e se alegram com nossas aspirações nobres e nossas reformas íntimas. Ele alerta, ainda, para o perigo da presunção, que pode afastar esses amigos espirituais. A humildade e a dedicação ao bem são atitudes que fortalecem os laços com esses benfeitores e atraem a assistência de Espíritos mais elevados.

O Amor como Vínculo Universal

O amor, segundo Miramez, é o elemento que une todos os Espíritos. É o alimento das almas e o princípio que norteia a evolução espiritual. Jesus nos legou, por meio de seus ensinamentos, a compreensão de que o amor deve ser universal, abrangendo todas as criaturas sem distinção. Esse ideal sublime nos convida a expandir nossos sentimentos para além do círculo familiar e social, compreendendo que somos todos parte de uma grande família universal.

Essa visão ampliada do amor não anula, entretanto, a importância dos laços particulares que cultivamos em cada existência. Pelo contrário, ela os valoriza, pois são esses laços que nos impulsionam a superar nossas limitações e a progredir espiritualmente. O Espírito Miramez nos ensina que devemos amar sem especular, ou seja, sem esperar recompensas ou benefícios pessoais, pois o verdadeiro amor é desinteressado e incondicional.

A Responsabilidade de Honrar os Espíritos que nos Auxiliam

Ao reconhecermos a assistência amorosa que recebemos dos Espíritos de nossos parentes e amigos, somos chamados a retribuir essa ajuda por meio de nossas atitudes. A melhor forma de honrar esses benfeitores é esforçando-nos para corresponder às expectativas que eles depositam em nós. Miramez nos exorta a não ignorarmos o apoio que recebemos, mas a valorizarmos essa assistência, buscando nos aprimorar moral e espiritualmente.

Esse esforço envolve o cultivo da prece, que nos conecta aos nossos amigos espirituais, e a prática da caridade, que nos permite vivenciar o amor em ação. A prece, além de ser um canal de comunicação com o mundo espiritual, é um gesto de gratidão que fortalece os laços com aqueles que nos ajudam. A caridade, por sua vez, é a manifestação concreta do amor, que beneficia tanto quem dá quanto quem recebe.

Afeições que Não se Rompem com a Morte

A Doutrina Espírita nos consola ao nos assegurar que os laços de amor e amizade que cultivamos na Terra não se rompem com a morte, mas se transformam em vínculos espirituais que nos acompanham ao longo de nossa jornada evolutiva. A questão 488 de O Livro dos Espíritos, as reflexões de Allan Kardec e os ensinamentos do Espírito Miramez nos convidam a valorizar essas relações, cultivando o amor, a gratidão e a lembrança por aqueles que nos precederam na espiritualidade.

Ao vivermos de acordo com os princípios do Evangelho, fortaleceremos os laços com nossos amigos espirituais e contribuindo para a formação de uma grande família universal, unida pelo amor e pela caridade. Assim, honremos aqueles que nos amam e nos auxiliam, dedicando nossas vidas à prática do bem e ao esforço contínuo por nossa transformação moral. Dessa forma, contribuiremos para a nossa própria felicidade e para a felicidade daqueles que nos cercam, tanto no plano material quanto no espiritual.