27 de janeiro de 2025

Afeição dos Bons Espíritos

Por O Redator Espírita
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Afeição dos Bons Espíritos: Um Estudo Minucioso

A relação entre os encarnados e os desencarnados — especialmente os bons Espíritos — sempre foi uma das questões centrais da Doutrina Espírita. Entre os muitos ensinamentos presentes em “O Livro dos Espíritos”, a pergunta 486 nos convida a refletir profundamente sobre o papel dos bons Espíritos em nossas vidas: “Interessam-se os Espíritos pelas nossas desgraças e pela nossa prosperidade? Afligem-se os que nos querem bem com os males que padecemos durante a vida?”. A resposta dos Espíritos Superiores e o comentário do Espírito Miramez em sua obra “Filosofia Espírita” nos oferecem diretrizes valiosas para compreender essa interação espiritual e como ela influencia nossa evolução moral e espiritual.

A Resposta dos Espíritos Superiores

Na resposta à pergunta 486, os Espíritos Superiores afirmam:

“Os bons Espíritos fazem todo o bem que lhes é possível e se sentem ditosos com as vossas alegrias. Afligem-se com os vossos males, quando os não suportais com resignação, porque nenhum benefício então tirais deles, assemelhando-vos, em tais casos, ao doente que rejeita a beberagem amarga que o há de curar.”

O Livro dos Espíritos

Essa resposta nos mostra que os bons Espíritos, em sua condição elevada, nutrem uma verdadeira afeição por nós. Eles se alegram com nossas conquistas e se entristecem ao perceber que não tiramos proveito dos desafios da vida. No entanto, essa tristeza não é similar àquela que experimentamos enquanto encarnados, pois os Espíritos mais elevados possuem uma visão ampliada da existência, compreendendo que cada dificuldade tem sua razão de ser no processo de aprendizado e aprimoramento do ser imortal.

Miramez e a Afeição dos Bons Espíritos

O Espírito Miramez, em seu comentário na obra “Filosofia Espírita”, aprofunda essa questão, trazendo elementos práticos e inspiradores. Ele nos lembra que os bons Espíritos estão sempre ao nosso lado, fazendo o possível para proporcionar paz interior e nos incentivar à superação das dificuldades. Miramez ressalta que esses amigos espirituais compreendem nossas fraquezas e nos assistem, mesmo quando falhamos em suportar com serenidade as provas que nos cabem.

“Os bons Espíritos têm suas lutas no chão do planeta e ainda procuram inspirar os homens para torná-los bons também. … Certos Espíritos sofrem com os nossos sofrimentos e ficam mesmo magoados quando não suportamos o peso da cruz que prometemos carregar.”

Esse trecho nos revela que, embora os bons Espíritos compreendam as limitações dos encarnados, eles se entristecem ao ver que desperdiçamos as oportunidades de aprendizado que as provas oferecem. Essa aflição, contudo, não os desanima. Pelo contrário, eles persistem em sua tarefa de nos inspirar e auxiliar, recebendo, por sua vez, forças de Espíritos ainda mais elevados.

A Influência dos Bons Espíritos em Nossas Vidas

A presença dos bons Espíritos em nossas vidas é uma constante, mesmo que muitas vezes não tenhamos consciência disso. Eles nos acompanham, nos inspiram e nos intuem a seguir o caminho do bem. Essa influência se manifesta de diversas maneiras:

Inspiração Moral: Os bons Espíritos nos inspiram pensamentos elevados, que nos ajudam a resistir às tentações e a escolher o bem em nossas ações diárias.

Proteção Espiritual: Eles atuam como verdadeiros guardiões, afastando influências espirituais negativas sempre que possível e nos fortalecendo nas batalhas interiores.

Consolo nas Provas: Durante os momentos de dor e dificuldade, os bons Espíritos nos envolvem em vibrações de paz e conforto, lembrando-nos de que somos amparados e que as provas são instrumentos de evolução.

A Importância da Sintonia Espiritual

Miramez enfatiza que estamos constantemente rodeados de testemunhas espirituais, atraindo companhias que vibram na mesma sintonia dos nossos sentimentos e pensamentos. Portanto, a manutenção de uma sintonia elevada é essencial para nos conectarmos com os bons Espíritos e recebermos sua influência benéfica.

“O Espírito envolvido na carne recebe do próprio ambiente impulsos de magnetismo inferior a todos os momentos. É preciso orar e vigiar permanentemente.”

Miramez, Filosofia Espírita

Essa orientação nos remete ao ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41). A prática da vigilância e da prece cria um campo vibratório favorável para a aproximação dos bons Espíritos e fortalece nossa capacidade de resistir às influências negativas.

O Papel da Resignação nas Provas

A resposta à pergunta 486 ressalta que os bons Espíritos se afligem quando não suportamos as provas com resignação. A resignação não significa passividade ou conformismo, mas sim a aceitação consciente das dificuldades como parte do processo evolutivo. Essa postura permite que extraíamos o máximo de aprendizado de cada experiência, transformando a dor em alavanca para o progresso espiritual.

Miramez complementa esse ensinamento ao afirmar:

“Se queres paz, trabalha pela paz alheia; se queres amor, não te esqueças de amar.”

Essas palavras nos lembram que a resignação está intimamente ligada à prática do amor e da caridade. Ao nos dedicarmos ao bem do próximo, aliviamos nosso próprio fardo e fortalecemos nossa conexão com os bons Espíritos.

A Autossuficiência no Caminho Espiritual

Embora os bons Espíritos estejam sempre prontos para nos auxiliar, Miramez destaca a importância de desenvolvermos nossa própria capacidade de superar os desafios da vida. Ele nos incentiva a buscar o equilíbrio orgânico e psíquico por meio de práticas como a alimentação saudável, o cuidado com a saúde e o exercício do autodomínio.

“Se já és espírita, não deixes somente para os Espíritos as tuas cargas. Procura andar com os próprios pés.”

Esse conselho reforça a necessidade de assumirmos responsabilidade por nossa evolução. A fé e o esforço pessoal são fundamentais para que possamos nos beneficiar plenamente do amparo espiritual que recebemos.

Conclusão: Afeição, Inspiração e Evolução

Os bons Espíritos representam um elo poderoso entre o mundo material e o mundo espiritual, atuando como instrumentos do amor divino em nossas vidas. Sua afeição por nós é ativa e dinâmica, expressando-se por meio de inspirações, consolações e proteções que nos guiam no caminho do progresso.

No entanto, para usufruir plenamente dessa assistência, precisamos fazer a nossa parte. A prática da oração, a vigilância constante, a resignação nas provas e o esforço pelo autoaprimoramento são atitudes indispensáveis para mantermos nossa sintonia elevada e fortalecermos nossa ligação com esses amigos espirituais.

Que possamos, à luz da Doutrina Espírita, reconhecer a importância da afeição dos bons Espíritos em nossa jornada e nos esforçarmos, dia após dia, para nos tornarmos merecedores de sua presença e inspiração. Assim, avançaremos com mais firmeza e confiança rumo à perfeição espiritual, conscientes de que nunca estamos sozinhos no caminho.