Convulsionários à Época da Codificação
Indivíduos Convulsionários à Época da Codificação: Uma Análise Espiritual e Social
O fenômeno dos indivíduos chamados convulsionários sempre despertou grande interesse e curiosidade, tanto na história como na Doutrina Espírita. Durante a codificação espírita, Allan Kardec abordou essas manifestações de maneira profunda, desmistificando a ideia de possessões ou manifestações de espíritos malignos, e apresentando o fenômeno como um reflexo das energias espirituais que atuam no ser humano. Este artigo visa analisar os indivíduos convulsionários à época da Codificação, compreendendo sua relação com os Espíritos, o magnetismo e a atuação de médiuns que, muitas vezes, se viam envolvidos em fenômenos desta natureza.
O Fenômeno dos Convulsionários e a Codificação Espírita
A primeira referência à questão dos convulsionários encontra-se na questão 481 de O Livro dos Espíritos, onde se pergunta se os Espíritos desempenham algum papel nos fenômenos que ocorrem com esses indivíduos. A resposta é clara:
“Sim e muito importante, bem como o magnetismo, que é a causa originária de tais fenômenos. O charlatanismo, porém, os tem amiúde explorado e exagerado, de sorte a lançá-los ao ridículo.”
Com isso, Kardec nos oferece uma explicação profunda: os convulsionários, ao manifestarem tais fenômenos, não estão apenas sendo influenciados por Espíritos, mas também são um canal para o magnetismo, uma força natural que pode ser dirigida pela vontade, seja da pessoa encarnada ou desencarnada.
A Natureza dos Espíritos que Participam dos Fenômenos Convulsionários
Na pergunta adicional que segue, Kardec indaga sobre a natureza dos Espíritos que se envolvem nos fenômenos convulsionários, e a resposta revela um aspecto importante: “Pouco elevada. Supondes que Espíritos superiores se deleitem com tais coisas?”
Este comentário sugere que, em muitos casos, os Espíritos que atuam nesses fenômenos são Espíritos de baixa condição moral e espiritual. A questão aqui levantada é a de que os Espíritos não elevados se aproveitam da fraqueza ou da falta de discernimento de médiuns ou indivíduos, muitas vezes levando-os ao ridículo, ao exibicionismo ou à exploração indevida das faculdades mediúnicas. Esses Espíritos, quando não orientados ou quando se envolvem em práticas escusas, podem distorcer o uso do magnetismo e do fenômeno espiritual.
O Magnetismo e o Hipnotismo como Agentes do Fenômeno Convulsivo
Um dos aspectos centrais do estudo dos convulsionários à época da Codificação é a interação entre o magnetismo e o Espírito. O magnetismo, segundo a Doutrina Espírita, é uma força natural que pode ser direcionada pela mente humana. No contexto dos convulsionários, ele serve como uma das causas primárias de tais fenômenos.
O espírito Miramez, no comentário presente em Filosofia Espírita, explora profundamente o uso do magnetismo. Ele descreve o magnetismo como uma força sem inteligência, que é moldada pela vontade de quem o manipula, seja um Espírito ou um encarnado. É possível que, ao longo da história, o magnetismo tenha sido usado indevidamente por charlatões ou pessoas desavisadas, levando a distorções do fenômeno original.
Miramez também menciona que a força magnética, quando utilizada para o bem, pode ter efeitos extremamente benéficos, como no caso de curas espirituais e físicas, mas, quando mal dirigida, pode contribuir para a obsessão e o descontrole emocional e físico. No caso dos convulsionários, a falta de orientação pode transformar uma faculdade espiritual em uma ferramenta de desequilíbrio.
Convulsionários e a Condição Moral do Espírito
Miramez ainda faz uma comparação entre os convulsionários e os médiuns modernos, sugerindo que a condição moral do médium ou do convulsionário é um fator decisivo na utilização saudável da faculdade mediúnica.
Ele nos adverte sobre os perigos de tratar o fenômeno como uma atração ou espetáculo, sem o devido respeito e preparação espiritual. Muitos dos indivíduos que se tornaram conhecidos como convulsionários eram, na verdade, médiuns que, por falta de orientação, caíram em excessos.
O Papel dos Charlatães na Exploração do Fenômeno Convulsivo
A exploração do fenômeno pelos charlatães foi um ponto amplamente abordado por Kardec. O charlatanismo tem, como uma de suas características, a utilização indevida de fenômenos mediúnicos e espirituais para ganho pessoal, seja material ou psicológico. Isso contribui para o ridículo em torno do fenômeno dos convulsionários, que, ao invés de serem vistos como indivíduos com capacidades mediúnicas, são tratados como objetos de curiosidade ou como sendo possessos.
Miramez nos adverte, ainda, sobre o perigo do uso indevido da força magnética e do hipnotismo. Ele compara o comportamento de um charlatão àquele de um edifício sem fundação, que acaba por desmoronar quando a verdade é revelada. A verdadeira mediunidade, voltada para o bem, deve ser educada e dirigida com seriedade, com o objetivo de levar luz onde há trevas, e não em busca de proveito pessoal.
Convulsionários e a Missão Espiritual
Miramez conclui que a verdadeira missão dos convulsionários, ou melhor, dos médiuns, é buscar a iluminação e o conhecimento, contribuindo para a divulgação do Evangelho de Jesus. Ele faz um paralelo entre o uso da mediunidade para curar e consolar, tal como Jesus fez, e o uso distorcido e egoísta que alguns médiuns ou indivíduos fazem do magnetismo. A verdadeira força espiritual, segundo o espírito, é aquela que visa o bem-estar do próximo, sem interesses pessoais.
O papel dos convulsionários à época da Codificação, portanto, é também um reflexo da condição moral e espiritual de cada médium ou indivíduo que se envolveu com o fenômeno. A educação, tanto intelectual quanto moral, é essencial para a condução saudável de tais fenômenos, a fim de que eles se tornem instrumentos de caridade e iluminação espiritual.
Conclusão
A análise dos convulsionários à época da Codificação revela a complexidade dos fenômenos mediúnicos e a importância de se compreender as forças espirituais envolvidas, como o magnetismo, e a moralidade dos Espíritos que neles atuam.
A Doutrina Espírita, ao tratar desses fenômenos, oferece não apenas uma explicação científica e espiritual, mas também um caminho de transformação interior para aqueles que desejam utilizar suas faculdades mediúnicas com seriedade, para o bem do próximo.
O estudo de Kardec e a orientação dos Espíritos, como Miramez, nos mostram que a mediunidade é uma ferramenta poderosa, mas que, como qualquer outra força da natureza, deve ser usada com discernimento, responsabilidade e, acima de tudo, amor.