2 de setembro de 2024

Distinção de Pensamentos

Por O Redator Espírita
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Distinção de Pensamentos: Um Olhar Espírita sobre a Influência Espiritual

O estudo da mente humana e das influências espirituais que nela atuam é um dos aspectos mais profundos e fascinantes da doutrina espírita. O Espiritismo nos ensina que nossa mente é um campo de batalha onde pensamentos próprios e sugeridos se misturam, influenciando nossas decisões e ações.

A pergunta 461 de “O Livro dos Espíritos” nos convida a refletir sobre como podemos distinguir esses pensamentos e a entender a importância de desenvolver o discernimento necessário para essa tarefa.

No comentário do espírito Miramez, presente na obra “Filosofia Espírita”, somos orientados a desenvolver a sensibilidade e o discernimento para identificar a origem dos pensamentos que surgem em nossa mente. Miramez nos alerta sobre os perigos das influências negativas e nos incentiva a fortalecer nossa mente através do amor, da caridade e da vigilância constante.

A Pergunta 461 de “O Livro dos Espíritos”: Uma Reflexão Inicial

Allan Kardec, ao formular a pergunta 461 em “O Livro dos Espíritos”, questiona os Espíritos sobre a possibilidade de distinguir entre pensamentos próprios e sugeridos: “Como havemos de distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos?”.

A resposta dos Espíritos revela que, na maioria das vezes, não nos é possível distinguir claramente a origem dos pensamentos, e que essa incerteza pode ser útil para que o homem aja com mais liberdade e, consequentemente, assuma maior responsabilidade por suas escolhas.

Os Espíritos explicam que, quando um pensamento é sugerido por uma entidade espiritual, há uma impressão de que alguém está falando conosco, enquanto os pensamentos próprios tendem a surgir de maneira mais espontânea.

No entanto, eles enfatizam que não é de grande interesse para o homem estabelecer essa distinção de forma precisa, pois a liberdade de escolha e a responsabilidade moral são aspectos fundamentais de sua jornada evolutiva.

Essa resposta nos leva a considerar que, embora possamos sentir a influência espiritual em nossos pensamentos, a decisão final sobre como agir cabe a nós mesmos. A responsabilidade de escolher entre o bem e o mal, entre seguir um pensamento elevado ou sucumbir a uma ideia inferior, é nossa, e é essa liberdade que nos permite evoluir espiritualmente.

A Natureza dos Pensamentos: Próprios e Sugeridos

A mente humana é um fluxo contínuo de pensamentos, sentimentos e ideias que se manifestam em resposta aos estímulos internos e externos. Na visão espírita, esses pensamentos podem ser divididos em duas categorias principais:

Os pensamentos próprios, que são originados na mente do indivíduo, e os pensamentos sugeridos, que são influências externas, geralmente provenientes de Espíritos desencarnados ou de outras mentes encarnadas.

Os pensamentos próprios são aqueles que surgem de nossa própria experiência, conhecimento, desejos e inclinações. Eles refletem nossa personalidade, nossas escolhas passadas e nosso estado atual de espírito. Esses pensamentos são a expressão direta de nossa individualidade e, por isso, são fundamentais para o exercício do livre-arbítrio.

Por outro lado, os pensamentos sugeridos são aqueles que nos são transmitidos por outras mentes, sejam elas encarnadas ou desencarnadas. Essas sugestões podem ser positivas, quando oriundas de Espíritos elevados que buscam nos guiar pelo caminho do bem, ou negativas, quando provenientes de Espíritos inferiores ou de pessoas com intenções maldosas.

A mistura desses pensamentos sugeridos com nossos próprios pensamentos cria um cenário complexo, onde discernir a origem de cada ideia pode ser desafiador.

O Comentário de Miramez: Discernindo a Origem dos Pensamentos

O espírito Miramez, em sua obra “Filosofia Espírita”, nos oferece uma orientação valiosa sobre como podemos distinguir os pensamentos que nos são próprios daqueles que nos são sugeridos. Ele enfatiza a importância do discernimento e do autoconhecimento como ferramentas essenciais para essa tarefa.

Miramez nos ensina que, para identificar a origem dos pensamentos, é necessário primeiro conhecer nossas próprias ideias. O autoconhecimento é fundamental para que possamos reconhecer quando um pensamento estranho, que não condiz com nossa natureza ou com nossos valores, surge em nossa mente. Esse reconhecimento é o primeiro passo para discernir se um pensamento foi sugerido por uma fonte externa.

Ele também nos alerta sobre a infiltração de pensamentos negativos, que podem ser comparados a ladrões que entram em nossa mente quando deixamos a porta aberta. Esses pensamentos, se não identificados e rejeitados, podem misturar-se com nossas próprias ideias e causar confusão, roubar nossa paz e nos desviar do caminho do bem.

Miramez destaca a importância da vigilância constante para proteger nossa mente das influências negativas. Ele nos ensina que, assim como selecionamos cuidadosamente o que comemos, devemos também selecionar os pensamentos que permitimos que se fixem em nossa mente. Essa seleção é feita através do bom senso, da razão e da afinidade com as leis divinas.

A Influência dos Espíritos sobre Nossos Pensamentos

A doutrina espírita nos revela que estamos constantemente cercados por Espíritos desencarnados, que podem influenciar nossos pensamentos de acordo com sua própria natureza e intenções. Essa influência espiritual é uma das maneiras pelas quais os Espíritos interagem conosco e participam de nossa jornada evolutiva.

Os Espíritos superiores, que estão em sintonia com as leis divinas e buscam o bem, nos inspiram pensamentos elevados, nos guiam em momentos de indecisão e nos ajudam a fortalecer nossa fé e nossa vontade de fazer o bem. Eles agem como mentores espirituais, sussurrando em nossa mente palavras de conforto, esperança e sabedoria.

Por outro lado, Espíritos ainda presos às imperfeições morais, como o orgulho, a inveja e o egoísmo, podem nos influenciar negativamente, sugerindo pensamentos que nos afastam do bem e nos levam a ações contrárias às leis divinas. Esses Espíritos se aproximam de nós através da afinidade, encontrando ressonância em nossos pensamentos e sentimentos inferiores.

Miramez nos lembra que a influência dos Espíritos não se limita ao plano espiritual. Também estamos sujeitos às sugestões dos encarnados, que podem exercer uma forte influência sobre nossa mente através das palavras, dos gestos e das ações. Essas influências são especialmente poderosas quando vêm de pessoas próximas, como pais, mestres e amigos, que exercem um papel formativo em nossas vidas.

A Responsabilidade Pessoal na Escolha dos Pensamentos

Embora estejamos sujeitos a influências externas, a doutrina espírita enfatiza que a responsabilidade final por nossos pensamentos e ações é sempre nossa. O livre-arbítrio é uma das leis fundamentais da vida, e cabe a cada um de nós escolher como agir diante das sugestões que recebemos.

Os Espíritos nos ensinam que, se decidimos pelo bem, é voluntariamente que o fazemos, e se escolhemos o mal, também o fazemos por nossa própria vontade. Essa liberdade de escolha é o que nos torna responsáveis por nossas ações e nos permite evoluir espiritualmente.

A incerteza sobre a origem dos pensamentos, longe de ser um obstáculo, é uma oportunidade para exercitar nosso discernimento e fortalecer nossa vontade de fazer o bem.

Miramez nos alerta que o discernimento e o autoconhecimento são fundamentais para exercer essa responsabilidade de maneira consciente. Conhecer nossas próprias ideias, entender nossos valores e identificar nossas fraquezas nos permite fazer escolhas mais acertadas e resistir às tentações que surgem em forma de pensamentos negativos.

A Importância da Vigilância e da Prece na Proteção da Mente

A vigilância constante é uma prática essencial para proteger nossa mente das influências negativas. Jesus, em seus ensinamentos, nos recomendou a “orar e vigiar” para não cairmos em tentação. Essa recomendação é especialmente relevante quando consideramos a influência espiritual sobre nossos pensamentos.

Miramez nos ensina que, além da vigilância, a prece é uma poderosa ferramenta de proteção e harmonização da mente. Através da prece, elevamos nossos pensamentos a Deus, pedimos auxílio aos Espíritos superiores e fortalecemos nossa conexão com o plano espiritual. A prece cria uma atmosfera de luz e paz em torno de nós, dificultando o acesso de Espíritos inferiores e ajudando-nos a discernir entre pensamentos próprios e sugeridos.

A prece também nos ajuda a desenvolver a humildade, reconhecendo que, embora sejamos responsáveis por nossas escolhas, precisamos do auxílio divino para superar nossas fraquezas e imperfeições. A prece regular nos mantém em sintonia com o bem, fortalece nossa vontade de fazer o certo e nos protege contra as influências negativas que podem nos desviar do caminho da evolução.

A Transformação do Pensamento pela Caridade e pelo Amor

O amor e a caridade são as forças mais poderosas na transformação de nossos pensamentos e na proteção contra influências espirituais negativas. Quando cultivamos o amor em nossos corações, elevamos nossa vibração espiritual e atraímos Espíritos que compartilham dessa mesma sintonia.

Miramez enfatiza que a prática da caridade é uma forma eficaz de purificar nossos pensamentos e proteger nossa mente das influências negativas. A caridade nos conecta com o próximo de maneira desinteressada, promovendo o bem e contribuindo para a elevação espiritual tanto de quem dá quanto de quem recebe. Esse ato de amor altruísta cria uma barreira protetora em torno de nossa mente, dificultando a entrada de pensamentos inferiores.

Além disso, o amor e a caridade nos ajudam a desenvolver a empatia e a compaixão, que são essenciais para compreender e perdoar os erros alheios. Esses sentimentos elevados nos afastam das vibrações negativas e nos aproximam da luz divina, tornando-nos mais receptivos às inspirações dos Espíritos superiores.

O Papel do Evangelho na Educação dos Pensamentos

O Evangelho de Jesus Cristo é um guia seguro para a educação dos pensamentos e a proteção da mente contra influências negativas. Estudar o Evangelho e aplicar seus ensinamentos em nossa vida diária nos ajuda a desenvolver um pensamento elevado, alinhado com as leis divinas e com os valores do bem.

Miramez nos ensina que o Evangelho é uma fonte inesgotável de sabedoria, que nos orienta sobre como devemos pensar, agir e nos relacionar com o próximo. Ao estudar o Evangelho, fortalecemos nossa fé, cultivamos a virtude e aprendemos a lidar com as dificuldades da vida de maneira serena e confiante.

O estudo regular do Evangelho nos ajuda a discernir entre pensamentos próprios e sugeridos, pois nos oferece critérios claros para avaliar a qualidade de nossas ideias. Pensamentos que promovem o amor, a paz, a justiça e a caridade estão em sintonia com os ensinamentos de Jesus e, portanto, devem ser cultivados. Por outro lado, pensamentos que geram ódio, inveja, discórdia e egoísmo devem ser rejeitados, pois não estão em harmonia com o Evangelho.

Conclusão

A distinção entre pensamentos próprios e sugeridos é uma tarefa complexa, mas essencial para o progresso espiritual. A doutrina espírita nos ensina que estamos constantemente sujeitos a influências espirituais e que é nossa responsabilidade discernir entre essas influências e fazer escolhas que promovam o bem.

O espírito Miramez nos oferece orientações valiosas sobre como desenvolver esse discernimento, enfatizando a importância do autoconhecimento, da vigilância, da prece e da prática da caridade. Ao aplicar esses ensinamentos em nossa vida, fortalecemos nossa mente contra influências negativas e nos tornamos mais receptivos às inspirações dos Espíritos superiores.

Que possamos, cada vez mais, cultivar pensamentos elevados, alinhados com as leis divinas, e viver em harmonia com o bem. Assim, contribuiremos não apenas para nossa própria evolução, mas também para a construção de um mundo mais justo, amoroso e fraterno, em sintonia com os ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo.