11 de outubro de 2024

Influência Espiritual Negativa

Por O Redator Espírita
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Eximir-se da Influência Espiritual Negativa

A questão das influências espirituais negativas é uma das mais intrigantes e importantes dentro da doutrina espírita, especialmente para aqueles que buscam um entendimento profundo do papel que os Espíritos desempenham em nossas vidas.

A pergunta 467 de O Livro dos Espíritos, que trata da possibilidade de o homem se eximir dessas influências, oferece uma base sólida para nossa reflexão sobre a defesa contra essas energias, mostrando que somos, em última instância, responsáveis por aquilo que atraímos e pelas influências espirituais que nos cercam.

Neste artigo, abordaremos de forma detalhada como o homem pode se libertar da influência dos Espíritos que buscam arrastá-lo ao mal, explorando os ensinamentos de O Livro dos Espíritos e do Espírito Miramez, que, com sua sabedoria, nos proporciona uma análise rica sobre a defesa espiritual e a responsabilidade pessoal nesse processo.

A Pergunta 467 de O Livro dos Espíritos

Allan Kardec, ao formular a pergunta 467, busca entender se o homem tem a capacidade de evitar a influência de Espíritos que o induzem ao mal. A pergunta é direta:

“Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?”

A resposta dos Espíritos Superiores também é clara e categórica:

“Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.”

Esta resposta contém verdades profundas e fornece o alicerce para entendermos como funcionam as influências espirituais. Ela revela um princípio fundamental: a responsabilidade pelos Espíritos que nos cercam é nossa. Isso ocorre porque nós os atraímos através dos nossos desejos e pensamentos. Esta simples verdade tem implicações enormes, pois coloca sobre o homem o poder e o dever de moldar o ambiente espiritual ao seu redor.

A Responsabilidade pelo Pensamento e a Lei de Sintonia

A doutrina espírita nos ensina que os Espíritos estão em toda parte e, assim como nós, têm suas preferências, seus desejos e suas inclinações. Eles vibram em diferentes faixas de pensamento e energia. Assim, nossos pensamentos e desejos atuam como verdadeiros imãs que atraem Espíritos com vibrações semelhantes às nossas.

Kardec, em várias passagens de O Livro dos Espíritos, bem como em outras obras como O Evangelho Segundo o Espiritismo, reforça essa ideia de sintonia espiritual. Quando nos entregamos a pensamentos negativos, como a raiva, o rancor, a inveja ou o ódio, imediatamente entramos em uma faixa vibratória que sintoniza com Espíritos que compartilham dessas mesmas tendências.

Por outro lado, quando cultivamos pensamentos elevados, de amor, caridade, paciência e compreensão, sintonizamos com Espíritos superiores que estão dispostos a nos auxiliar em nosso progresso moral e espiritual.

O conceito de lei de sintonia é essencial para compreender a questão 467. Atraímos para perto de nós Espíritos que têm afinidade com nossos sentimentos mais íntimos. Portanto, se desejamos nos libertar das influências espirituais negativas, a primeira e mais importante medida é a vigilância de nossos próprios pensamentos. Não basta afastar-se das más companhias físicas; é necessário afastar-se das más companhias espirituais, e isso se dá por meio do cultivo de bons pensamentos e desejos.

A Defesa Espiritual e a Maturidade do Espírito

No comentário do Espírito Miramez, extraído da obra Filosofia Espírita, encontramos uma explicação mais detalhada sobre como podemos nos defender dessas influências e como esse processo está diretamente ligado ao nosso despertamento espiritual.

Ele nos ensina que, enquanto estamos no processo de evolução, seremos naturalmente suscetíveis às sugestões de Espíritos de má índole, pois ainda estamos desenvolvendo nossa capacidade de resistência moral.

Contudo, ele também afirma que, à medida que o Espírito amadurece, ele se torna capaz de isolar-se dessas más influências sem que precise maldizer ou julgar os Espíritos que o perturbam. Isso é extremamente importante, pois nos lembra que todos nós, em algum momento de nossa jornada, já fomos Espíritos ignorantes e imperfeitos.

Como seres em constante evolução, é natural que tenhamos passado por fases em que influenciamos os outros negativamente, sejam encarnados ou desencarnados.

Miramez deixa claro que a defesa espiritual não é algo que acontece de um dia para o outro. Não podemos nos purificar instantaneamente. O processo de evolução é lento, gradual e exige esforço contínuo. Ele compara esse progresso a um despertamento, onde, com o tempo, vamos descobrindo valores internos que nos permitem dominar as influências externas e crescer em nossa própria grandeza espiritual.

Essa visão nos leva a entender que, para nos defender das influências negativas, é essencial desenvolver maturidade espiritual. Essa maturidade vem, em grande parte, do conhecimento e da prática das leis divinas, especialmente as contidas no Evangelho de Jesus, que serve como guia seguro para a nossa conduta.

O Papel do Evangelho e da Prece na Defesa Espiritual

Miramez é enfático ao recomendar o Evangelho como uma das principais fontes de defesa contra as influências espirituais negativas. O Evangelho, com seus ensinamentos de amor, perdão e fraternidade, é uma verdadeira bússola moral que nos orienta nas escolhas diárias e nos protege das tentações e das influências maléficas que podem surgir ao longo do caminho.

Quando seguimos os princípios do Evangelho, estamos nos ajustando à harmonia universal, o que, por sua vez, eleva nossa vibração espiritual. Espíritos inferiores têm grande dificuldade em influenciar ou mesmo se aproximar de um Espírito que irradia luz, amor e bondade. Dessa forma, a prática dos ensinamentos de Jesus não é apenas um meio de progresso moral, mas também uma forma de proteção espiritual ativa.

Outro ponto essencial na defesa espiritual é o papel da prece. Kardec, em várias obras, enfatiza o poder da oração como um meio de elevação espiritual e de comunicação com os Espíritos superiores. A prece nos liga diretamente às esferas espirituais mais elevadas e cria ao nosso redor uma espécie de campo de proteção, que dificulta o acesso de Espíritos inferiores.

Miramez reforça essa ideia ao nos lembrar que a nossa defesa não deve ser buscada apenas no exterior. Ele adverte contra a dependência de amparos exteriores e nos incentiva a buscar a defesa interna, que se dá pela mudança de comportamento.

Essa mudança ocorre quando adotamos atitudes mais harmoniosas com as leis divinas e, principalmente, quando nos tornamos conscientes de que somos responsáveis por nossa própria proteção.

A Reforma Íntima como Chave para a Libertação

Se quisermos nos libertar das influências espirituais negativas, o caminho mais seguro e eficaz é a reforma íntima. Esse conceito, amplamente discutido na doutrina espírita, refere-se ao processo contínuo de autoconhecimento e melhoria pessoal. Trata-se de um esforço consciente para eliminar os vícios e as tendências inferiores, substituindo-os por virtudes e valores elevados.

Quando falamos em reforma íntima, estamos nos referindo a uma verdadeira transformação interior, que exige, em primeiro lugar, a vigilância constante dos nossos pensamentos, palavras e ações.

Como já discutimos, a sintonia espiritual é determinada por aquilo que pensamos e desejamos. Portanto, é imperativo que estejamos atentos à qualidade de nossos pensamentos, procurando sempre cultivar o bem, a caridade, o perdão e o amor.

Esse processo de transformação moral é gradual, como nos ensina Miramez, e não ocorre de um dia para o outro. No entanto, à medida que avançamos nesse caminho, vamos nos tornando cada vez mais imunes às influências negativas. Isso ocorre porque, ao elevarmos nossa vibração espiritual, os Espíritos inferiores encontram cada vez menos brechas para nos influenciar.

A prática do bem é, portanto, uma das formas mais eficazes de nos defendermos contra as influências espirituais negativas. Quanto mais nos dedicamos a ajudar o próximo, mais estamos sintonizados com as forças superiores do universo, que nos protegem e nos guiam em nossa jornada.

O Papel da Lei de Progresso

Outro ponto fundamental abordado por Miramez é a ideia de que todos os Espíritos estão sujeitos à lei de progresso. Ele nos lembra que, assim como nós, os Espíritos inferiores também estão em constante evolução, e que, com o tempo, eles também melhoram e se afastam de comportamentos negativos.

Esse é um ponto importante, pois nos ajuda a entender que as influências negativas que enfrentamos não são permanentes. Assim como nós, os Espíritos que hoje nos perturbam também estão em processo de aprendizado e aperfeiçoamento. O progresso é uma lei universal que rege todos os mundos e todos os seres.

Isso significa que, ao nos defendermos das influências negativas, não estamos apenas protegendo a nós mesmos, mas também contribuindo para o progresso daqueles Espíritos que nos influenciam. Ao resistirmos às suas sugestões, ajudamos a quebrar o ciclo de influência negativa, incentivando-os, ainda que indiretamente, a buscarem caminhos melhores.

Conclusão

A questão 467 de O Livro dos Espíritos e o comentário do Espírito Miramez nos mostram que a libertação das influências espirituais negativas está, em grande parte, em nossas mãos. Ao cultivarmos pensamentos elevados, seguirmos os ensinamentos do Evangelho e praticarmos a caridade, criamos um ambiente espiritual que nos protege dessas influências.

Além disso, a reforma íntima, como processo contínuo de aperfeiçoamento moral, é o caminho mais seguro para nos tornarmos imunes às más influências.

Em última instância, a defesa espiritual é um reflexo do nosso progresso moral e do nosso comprometimento com as leis divinas. Quanto mais nos esforçamos para melhorar, mais nos aproximamos dos Espíritos superiores e nos afastamos das influências negativas, caminhando, assim, para a verdadeira libertação espiritual.