O Retorno do Espírita às Rotinas Depois do Feriado de Carnaval

O Carnaval chegou ao fim, e com ele muitas consciências despertam para uma realidade que, nos últimos dias, esteve adormecida pelos apelos das ilusões passageiras. É nesse momento que o espírita sincero deve refletir: como me comportei durante este período? Fui fiel aos princípios cristãos que tanto estudo e prego? Ou permiti que as seduções do mundo me afastassem do verdadeiro propósito evolutivo?

O espírita que, por fraqueza ou descuido, cedeu aos excessos do Carnaval pode agora se ver tomado por uma amarga ressaca moral. O entusiasmo artificial, o prazer efêmero e os devaneios das festividades muitas vezes resultam em um vazio espiritual difícil de ignorar. O arrependimento surge como um espinho na consciência, indicando que algo saiu do caminho certo.

A Ressaca Moral: O Peso da Consciência Desalinhada

A Doutrina Espírita ensina que não há condenação eterna, mas há consequências para todas as nossas escolhas. O espírita que se permitiu afastar-se dos valores do Evangelho durante o Carnaval pode agora sentir o peso da própria consciência. A ressaca moral é um mecanismo educativo do espírito, um alerta de que os caminhos trilhados não foram os mais acertados.

Quem se entregou a comportamentos incompatíveis com a elevação moral — como excessos na bebida, na sensualidade ou na ociosidade — agora precisa lidar com a própria consciência, que cobra coerência com os ensinamentos que recebeu. A culpa e o arrependimento são naturais, mas devem ser utilizados como motores para a transformação, e não como âncoras para a estagnação.

A Ilusão do Carnaval e a Verdadeira Felicidade

Muitos espíritas que se permitem cair na ilusão carnavalesca justificam-se dizendo que “é só uma vez por ano” ou que “ninguém é perfeito”. Mas o verdadeiro espírita não busca desculpas para seus deslizes; ele busca a verdade. E a verdade é que o Carnaval, com suas promessas de alegria, muitas vezes entrega apenas a euforia momentânea seguida de um vazio existencial.

A felicidade verdadeira não se encontra na embriaguez dos sentidos, mas na paz interior conquistada pelo esforço contínuo na reforma íntima. O espírita que se deixou levar pelo apelo das festas precisa compreender que esses prazeres são fugazes e que seu verdadeiro contentamento vem da sintonia com as leis divinas.

Refazendo o Caminho: A Prece e o Arrependimento Sincero

Diante do arrependimento, o espírita deve evitar dois extremos: o primeiro é justificar seu erro como algo natural e inofensivo, pois isso impede o aprendizado; o segundo é entregar-se ao desespero e à autodepreciação, esquecendo que Deus é misericórdia e nos concede infinitas oportunidades de recomeço.

A prece sincera é o primeiro passo para restaurar a sintonia com os planos superiores. A oração não precisa ser elaborada, mas deve ser sentida. O espírita deve se recolher, meditar sobre seus atos e pedir forças para não reincidir nos mesmos erros. O arrependimento verdadeiro não é apenas um sentimento de culpa, mas a decisão firme de mudar.

As Leituras Edificantes e o Retorno à Caminhada Evolutiva

Depois de restaurar o contato com o divino, é essencial alimentar o espírito com leituras edificantes. O Livro dos Espíritos, o Evangelho Segundo o Espiritismo e as obras de autores espiritualizados são remédios eficazes para o desalinhamento moral. A leitura desses ensinamentos auxilia na reprogramação mental e na reestruturação dos valores.

A caminhada evolutiva, então, pode ser retomada. Com humildade, o espírita deve reconhecer suas falhas, mas também sua capacidade de as superar. O erro cometido não define a totalidade de sua jornada, mas pode ser um marco de transformação se for encarado com seriedade.

A Verdadeira Vitória do Espírita

O Carnaval pode ser um período de armadilhas espirituais, mas também pode se tornar uma oportunidade de aprendizado. O espírita que caiu não precisa permanecer no erro. Ele tem a chance de se reerguer, mais forte e consciente do que nunca.

A vitória do espírita não está em sua perfeição, mas em sua capacidade de reconhecer seus deslizes e buscar sua melhoria constante. A cada erro superado, o espírito se fortalece. A cada renúncia ao prazer efêmero em favor da alegria verdadeira, a evolução se concretiza.

Portanto, se você, espírita, fraquejou neste Carnaval, não se detenha no arrependimento estéril. Recolha-se, ore, estude e retome sua caminhada com mais vigor. Pois o verdadeiro triunfo não é nunca cair, mas sempre se levantar.

• Instagram
• Facebook