Objetivo dos Espíritos Imperfeitos
Objetivo dos Espíritos Imperfeitos, Sob a Ótica de Miramez
A Doutrina Espírita, revelada pelos Espíritos Superiores e codificada por Allan Kardec, nos oferece uma visão clara e detalhada do papel e das intenções dos Espíritos em diversas etapas da evolução espiritual.
Entre esses esclarecimentos, encontramos a pergunta de número 465 de O Livro dos Espíritos: “Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?”. A resposta direta, “Para que sofrais como eles sofrem”, abre uma ampla discussão sobre a natureza do mal, o sofrimento, e o objetivo dos Espíritos inferiores em suas tentativas de desviar os encarnados do caminho do bem.
Esse tema é expandido em desdobramentos subsequentes e recebe um comentário profundo e compassivo do Espírito Miramez na obra “Filosofia Espírita”, que nos convida a refletir sobre as causas, consequências e possíveis soluções para a influência negativa que esses Espíritos podem exercer.
O Sofrimento dos Espíritos Imperfeitos
A resposta à pergunta 465 de O Livro dos Espíritos nos leva a compreender que os Espíritos imperfeitos, movidos por sofrimento e ignorância, buscam induzir os encarnados ao mal porque desejam que outros sofram como eles.
Não encontrando alívio para suas próprias dores, esses Espíritos, muitas vezes presos a sentimentos de inveja e ressentimento, tentam arrastar aqueles que se encontram em melhores condições espirituais para o mesmo estado de desconforto e desequilíbrio em que se encontram.
Conforme o desdobramento da pergunta, ao serem questionados se tal comportamento diminui seus sofrimentos, a resposta é clara: “Não; mas fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes”.
A inveja, assim como o ódio e a maldade, é uma manifestação da ignorância espiritual. Esses Espíritos não conseguem suportar a ideia de que outros possam desfrutar de felicidade e paz enquanto eles próprios padecem, muitas vezes sem entenderem as causas de seu sofrimento.
A inveja espiritual, portanto, é uma condição gerada pela falta de compreensão sobre as leis divinas e pela ausência de consciência sobre o papel do amor e da caridade no processo evolutivo.
Ao tentar destruir a felicidade e a paz dos encarnados, esses Espíritos acabam perpetuando o próprio sofrimento, pois não encontram na destruição do bem alheio qualquer alívio para suas dores, que são, em essência, reflexos de seu distanciamento de Deus.
A Inveja como Mecanismo de Despertamento
O comentário de Miramez em sua obra “Filosofia Espírita” nos convida a um olhar mais profundo sobre a ação desses Espíritos. Ele afirma que “os Espíritos inferiores nos induzem ao mal por ignorância. Se eles conhecessem a verdade, iriam ajudar cada vez mais aos seres encarnados”.
Essa frase revela um ponto central: a indução ao mal é resultado da ausência de conhecimento espiritual. Esses Espíritos não são maus por natureza, mas encontram-se em um estado de sofrimento e ignorância, incapazes de enxergar a luz divina que está disponível para todos.
A inveja, embora destrutiva em seu aspecto imediato, pode ser compreendida como um primeiro passo no processo de despertamento espiritual desses seres. Quando percebem que ao induzir outros ao mal acabam por intensificar o próprio sofrimento, eles começam a entender que a verdadeira paz e felicidade só podem ser encontradas na prática do bem e na aproximação de Deus.
Miramez coloca que “quando procuram destruir a paz dos outros, já é início do seu despertamento espiritual para o amor”, pois a lei da causa e efeito é inexorável. Ao plantar o mal, esses Espíritos colhem os frutos amargos de suas ações, e é nesse momento que começam a questionar suas escolhas e a buscar alternativas que lhes tragam alívio e paz.
A Influência dos Espíritos Imperfeitos no Pensamento Humano
A Doutrina Espírita nos ensina que somos constantemente influenciados pelos Espíritos que nos cercam, tanto para o bem quanto para o mal. No caso dos Espíritos imperfeitos, sua influência se manifesta principalmente na forma de pensamentos negativos, sentimentos de angústia, medo, raiva e, em muitos casos, sugestões para atitudes egoístas e destrutivas.
Esses Espíritos, estando em um estado de sofrimento, encontram nas mentes desatentas e despreparadas terreno fértil para semear suas ideias. Quando somos negligentes com nossos pensamentos e emoções, abrimos portas para que essas influências negativas ganhem força, criando uma sintonia com Espíritos que compartilham das mesmas vibrações.
Miramez alerta que “os Espíritos inferiores sugerem maus pensamentos por inveja, que, igualmente, é uma doença gerada pela ignorância”. A ignorância, neste contexto, refere-se à incapacidade de reconhecer a presença de Deus e o papel do amor na vida.
Esses Espíritos, ao se encontrarem afastados da luz divina, buscam companhia em suas trevas e, ao influenciar os encarnados, tentam estabelecer uma conexão baseada no sofrimento e na dor.
No entanto, a Doutrina Espírita também nos ensina que temos o poder de resistir a essas influências. Quando nos mantemos vigilantes e cultivamos pensamentos elevados, harmonizando-nos com os Espíritos superiores, afastamos naturalmente aqueles que nos desejam o mal.
Como afirma Miramez, “Deus sempre abençoa quem está se esforçando para melhorar, despertando para as verdades eternas”. Portanto, o esforço contínuo para nos elevar espiritualmente é o escudo mais eficaz contra as influências negativas dos Espíritos imperfeitos.
O Caminho para a Superação do Mal
A Doutrina Espírita, através das palavras dos Espíritos Superiores e do próprio Jesus Cristo, nos oferece as ferramentas necessárias para superar a influência dos Espíritos imperfeitos e trilhar o caminho da luz.
O primeiro passo, como ensinado por Kardec, é o autoconhecimento. Quando conhecemos nossas fraquezas e limitações, podemos trabalhar para fortalecê-las, evitando cair nas armadilhas do orgulho, do egoísmo e da inveja.
A prática da prece é outro recurso fundamental. Através da prece, conectamo-nos com os Espíritos superiores, pedindo auxílio e proteção para resistir às tentações e influências negativas. A prece eleva nossa vibração espiritual, criando uma barreira natural contra as energias inferiores. Jesus, em sua infinita sabedoria, nos ensinou que devemos orar e vigiar constantemente, pois o inimigo pode se aproximar a qualquer momento.
Além da prece, o estudo e a prática do Evangelho são ferramentas poderosas para nossa elevação espiritual. Quando nos aprofundamos nos ensinamentos de Jesus e procuramos vivê-los em nosso dia a dia, tornamo-nos cada vez mais imunes às influências do mal.
Como afirma Miramez, “se tu sofres, procura copiar a vida de Jesus em todos os seus aspectos”. A vida de Jesus é o exemplo perfeito de como devemos agir diante das adversidades, respondendo ao mal com o bem, à violência com a paz, e ao ódio com o amor.
A Lei do Progresso e o Futuro dos Espíritos Imperfeitos
Por fim, é importante lembrar que todos os Espíritos, inclusive os mais imperfeitos, estão destinados ao progresso. A lei divina é justa e amorosa, permitindo que cada ser, em seu próprio tempo, descubra o caminho da luz e se aproxime de Deus.
Os Espíritos imperfeitos, embora hoje nos induzam ao mal, não estão condenados eternamente a essa condição. Através do sofrimento, da dor e das consequências de suas ações, eles acabarão por entender que o único caminho para a verdadeira felicidade é o bem.
Miramez nos lembra que “o tempo vai lhes mostrar os caminhos da perfeição, a esperança da vida feliz”. O sofrimento, embora doloroso, é um processo necessário para o despertar da consciência. Ao sentirem os efeitos negativos de suas ações, os Espíritos imperfeitos começam a buscar o amor, a caridade e o bem, iniciando assim seu caminho de redenção.
Todos estamos sujeitos à lei de causa e efeito, e, ao compreendermos isso, somos capazes de nos libertar das influências negativas e auxiliar nossos irmãos em sua jornada de evolução. O amor, a paciência e a compreensão são as chaves para enfrentar as adversidades provocadas pelos Espíritos imperfeitos, ajudando-os, através de nossas atitudes e orações, a encontrar a luz que tanto necessitam.
Conclusão
O objetivo dos Espíritos imperfeitos, como vimos, não é causar sofrimento por puro mal, mas sim por ignorância e inveja. Movidos pelo próprio sofrimento, eles buscam arrastar os encarnados para a mesma condição em que se encontram, na esperança de que, assim, possam aliviar suas dores. No entanto, esse ciclo de negatividade só perpetua o mal, tanto para eles quanto para os influenciados.
A Doutrina Espírita, através de sua mensagem de amor, paz e caridade, nos ensina que é possível resistir a essas influências e, ao mesmo tempo, auxiliar esses Espíritos em sua jornada evolutiva.
