15 de setembro de 2024

Primeiro Impulso

Por O Redator Espírita
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Pensamentos: O Primeiro Impulso

Dentro da Doutrina Espírita, a compreensão da mente humana, de seus pensamentos e impulsos, é um campo vasto e profundo, que envolve o estudo da natureza espiritual do ser. A pergunta 463 de O Livro dos Espíritos, “Diz-se comumente ser sempre bom o primeiro impulso. É exato?”, oferece uma chave para iniciarmos esta reflexão, ampliada pela resposta dos Espíritos e pelo comentário enriquecedor do Espírito Miramez em sua obra Filosofia Espírita.

A ideia de que o primeiro impulso seria sempre bom é questionada com base no entendimento de que nem todo pensamento inicial é reflexo de uma boa intenção. Segundo a resposta dos Espíritos, o primeiro impulso pode ser bom ou mau, dependendo da natureza do Espírito encarnado. Esta afirmação nos convida a investigar mais profundamente as causas e origens de nossos pensamentos e, sobretudo, o papel que exercem em nossa vida espiritual.

O Primeiro Impulso: Um Reflexo do Espírito

Conforme orientado pelos Espíritos, o primeiro impulso de uma pessoa não pode ser generalizado como bom ou ruim de maneira absoluta. Este impulso inicial é uma manifestação direta da condição moral e espiritual do indivíduo.

Um Espírito mais adiantado, que já tenha interiorizado valores como o amor, a caridade e a fraternidade, tenderá a ter primeiros impulsos mais alinhados com essas virtudes. Por outro lado, aqueles que ainda carregam em si fraquezas, vícios morais ou tendências inferiores, muitas vezes terão impulsos inicial e automaticamente direcionados para respostas menos elevadas.

Neste contexto, o primeiro impulso nada mais é do que uma amostra da verdadeira natureza espiritual de cada indivíduo naquele momento. A Doutrina Espírita nos ensina que estamos em constante progresso e que o trabalho de purificação moral e espiritual é uma jornada contínua. Assim, a qualidade de nossos pensamentos e impulsos reflete o estágio em que nos encontramos.

Miramez, em sua análise sobre o tema, complementa essa visão ao afirmar que “nem sempre os primeiros impulsos são os certos”. Ele destaca a necessidade de análise profunda de todo pensamento que surge em nossa mente. Esse discernimento é fundamental para diferenciar as inspirações elevadas daquelas que podem nos conduzir a equívocos.

O Papel do Livre-Arbítrio na Orientação dos Impulsos

Uma das grandes contribuições da Doutrina Espírita é o entendimento do livre-arbítrio como ferramenta essencial para o nosso progresso espiritual. O primeiro impulso, por mais automático que seja, não é determinante.

Nós, enquanto Espíritos encarnados, temos a capacidade de escolher que rumo dar a esses pensamentos. Esse é um ponto central na reflexão sobre o tema: o que fazemos com o nosso primeiro impulso?

A análise sugerida por Miramez é crucial. Ele nos adverte a não reagirmos automaticamente a todos os impulsos, mas a desenvolvermos a capacidade de reflexão e discernimento, sempre buscando a origem e a qualidade espiritual desses pensamentos. Essa capacidade de questionar o primeiro impulso nos torna verdadeiramente responsáveis por nossas ações, pois o Espírito consciente deve sempre escolher a melhor direção para suas atitudes.

A Doutrina Espírita nos ensina que os pensamentos são uma forma de energia, e como tal, eles vibram em determinadas frequências. Dependendo de nosso estado espiritual e mental, atraímos para nós pensamentos afins.

Por isso, Miramez ressalta que “atraímos o que somos”. Se dentro de nós ainda abrigamos tendências inferiores, naturalmente atrairemos pensamentos dessa mesma natureza. Em contrapartida, à medida que nos elevamos moralmente, nossos pensamentos e impulsos iniciais também se elevam.

Vigilância e Oração: Instrumentos para a Elevação dos Pensamentos

O Evangelho de Jesus nos convida a “vigiar e orar”, e esta recomendação é aplicada diretamente à qualidade de nossos pensamentos. A vigilância constante sobre o que pensamos é uma prática essencial para o nosso progresso espiritual.

Como Espíritos encarnados, estamos imersos em um mar de vibrações e influências espirituais, e, sem a devida atenção, podemos facilmente nos deixar conduzir por pensamentos de ordem inferior.

Miramez faz uma bela comparação ao afirmar que, assim como os animais se alimentam de capim, os pensamentos negativos se alimentam das condições espirituais que encontram em nós. Se permitimos que eles se instalem e se alimentem de nossas fraquezas, acabam por enraizar-se em nosso campo mental, dificultando nossa caminhada espiritual.

A oração, por sua vez, é uma ferramenta poderosa que nos auxilia a conectar nossa mente às fontes de inspiração superior. Ao orar, buscamos sintonia com os Espíritos elevados, fortalecemos nosso campo mental contra influências inferiores e preparamos nossa alma para receber inspirações divinas. Através da oração, criamos um ambiente propício para que nossos primeiros impulsos sejam mais alinhados com o bem.

A Importância do Trabalho na Elevação do Espírito

Um dos pontos centrais do comentário de Miramez é a ênfase no trabalho como uma forma de proteção contra as más influências mentais. O trabalho, entendido aqui em seu sentido mais amplo, não se refere apenas às atividades materiais, mas inclui o trabalho moral e espiritual que devemos realizar em nós mesmos diariamente.

Ao mantermos nossa mente ocupada com atividades construtivas, afastamos a possibilidade de sermos influenciados por pensamentos negativos. O trabalho no bem, seja ele físico ou mental, cria um ambiente de luz ao nosso redor, protegendo-nos de influências inferiores. Essa ideia é coerente com o ensinamento espírita de que o trabalho é uma das leis naturais que regem o progresso do Espírito.

O Policiamento dos Pensamentos: Chave para a Felicidade

Miramez nos convida a analisar não só os primeiros impulsos, mas também os últimos. Ou seja, devemos desenvolver uma vigilância constante sobre nossa mente, avaliando tanto o início quanto o desenrolar de nossos pensamentos.

Esse policiamento mental é fundamental para alcançarmos a paz e a felicidade, pois, como ele mesmo afirma, “o Espírito se torna livre, ganhando a vida com mais fulgor, por trilhar os caminhos da felicidade.”

Esse processo de análise dos pensamentos deve ser contínuo, e cada vez mais refinado, à medida que progredimos. Não basta identificar um pensamento negativo e afastá-lo; é necessário compreender sua origem e trabalhar internamente para eliminar a raiz dessas más tendências.

O caminho para a felicidade, segundo a Doutrina Espírita, passa pelo autoconhecimento e pela transformação moral. Ao dominarmos nossos impulsos e elevarmos nossos pensamentos, nos aproximamos do ideal crístico de perfeição e amor ao próximo.

Sintonia com o Cristo: O Modelo para Nossos Pensamentos

O modelo de perfeição espiritual oferecido por Jesus Cristo é a referência máxima para os nossos pensamentos e atitudes. Quando nossos impulsos e pensamentos estão em sintonia com os ensinamentos do Cristo, podemos confiar que estamos no caminho certo. Essa sintonia não é algo que se conquista de um dia para o outro, mas é o resultado de um esforço contínuo de vigilância, oração e prática da caridade.

Miramez nos lembra que, onde há verdade, não há lugar para a mentira; onde há fraternidade, não há egoísmo; e onde há amor, não há violência. Esses valores devem ser cultivados dentro de nós, para que nossos pensamentos se alinhem cada vez mais com as vibrações elevadas dos Espíritos superiores. A prática constante do bem é a chave para essa transformação.

Considerações Finais: A Responsabilidade sobre os Nossos Pensamentos

O estudo do primeiro impulso e da natureza dos pensamentos nos conduz a uma reflexão mais ampla sobre a responsabilidade espiritual que carregamos em nossa vida cotidiana. Cada pensamento que emitimos, cada impulso que sentimos, é uma expressão de nossa realidade espiritual, e cabe a nós, através do livre-arbítrio, escolhermos o que fazer com eles.

A Doutrina Espírita nos ensina que somos os construtores do nosso próprio destino, e isso começa no plano mental. Ao cultivar bons pensamentos, alinhados com o amor, a caridade e o perdão, criamos um ambiente mental propício para o nosso crescimento espiritual e para o cumprimento de nossa missão na Terra.

Portanto, vigiar e orar, analisar os primeiros e últimos impulsos, e trabalhar constantemente na melhoria de nossos pensamentos são práticas fundamentais para quem deseja evoluir espiritualmente. Que possamos, cada vez mais, aproximar nossos pensamentos e impulsos do ideal crístico, encontrando, assim, a verdadeira paz e felicidade.