Reuniões Mediúnicas
Ética e Responsabilidade nas Reuniões Mediúnicas
A mediunidade, quando devidamente orientada e praticada, é uma ferramenta poderosa para o auxílio espiritual e o desenvolvimento moral dos envolvidos. Contudo, essa prática demanda uma profunda compreensão de suas implicações, não só no campo espiritual, mas também no campo ético.
A ética e a responsabilidade nas reuniões mediúnicas são pilares fundamentais que devem ser seguidos rigorosamente, a fim de preservar a integridade moral, emocional e espiritual de todos os participantes, incluindo médiuns, assistentes, dirigentes e os próprios espíritos desencarnados que participam dessas reuniões.
A Natureza da Mediunidade
Antes de mergulharmos nos aspectos éticos e de responsabilidade, é essencial compreender a natureza da mediunidade. Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, esclarece que a mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano, variando apenas em grau de sensibilidade e desenvolvimento.
A mediunidade não é um dom conferido a uns poucos privilegiados, mas sim uma aptidão natural que, em maior ou menor grau, todos possuímos. Por essa razão, ela deve ser exercida com discernimento e respeito, sempre orientada por princípios elevados.
É importante destacar que a mediunidade não é propriedade de quem a exerce. O médium é um intermediário entre os espíritos e os encarnados, sendo responsável por manter sua conduta moral íntegra para garantir que sua faculdade seja utilizada de maneira correta e em conformidade com os desígnios superiores.
A Importância da Preparação Moral do Médium
A mediunidade é profundamente influenciada pela condição moral do médium. Espíritos elevados tendem a buscar médiuns cujas vibrações estejam em sintonia com propósitos elevados, como a caridade, a humildade e a dedicação ao bem. Portanto, o primeiro aspecto ético a ser considerado nas reuniões mediúnicas é a preparação moral dos médiuns.
O médium precisa estar consciente de que, ao permitir a manifestação dos espíritos, ele assume uma grande responsabilidade. É indispensável que ele cultive hábitos de oração, meditação e leitura edificante, além de praticar constantemente o autoconhecimento e o controle de suas próprias emoções.
A prática mediúnica não pode ser vista como um espetáculo ou como um meio de satisfazer curiosidades, mas sim como uma oportunidade de auxílio aos irmãos desencarnados e encarnados.
A Preparação das Reuniões Mediúnicas
As reuniões mediúnicas devem ser organizadas com extremo cuidado e atenção. A ética e a responsabilidade começam na escolha dos participantes. Os médiuns, assistentes e dirigentes devem ser pessoas comprometidas com os valores do Evangelho, com uma compreensão clara do papel que desempenham na reunião.
A preparação espiritual de todos os presentes é fundamental. Antes de cada reunião, deve-se realizar uma prece coletiva para sintonizar todos os participantes com as energias espirituais superiores, criando um ambiente propício para a manifestação de espíritos que estejam alinhados com propósitos nobres.
O ambiente físico também deve ser simples, harmonioso e acolhedor, sem elementos que possam distrair ou prejudicar a concentração.
É imprescindível que os participantes estejam cientes de suas responsabilidades e mantenham uma postura de respeito e seriedade ao longo de toda a sessão. Conversas frívolas, atitudes desrespeitosas ou qualquer tipo de conduta que desvie a atenção do trabalho que está sendo realizado deve ser evitado.
O Papel do Dirigente na Garantia da Ética
O dirigente da reunião mediúnica exerce uma função primordial na manutenção da ética e da responsabilidade. Cabe a ele coordenar os trabalhos, zelar pela harmonia entre os participantes e garantir que as comunicações espirituais ocorram de maneira ordenada e construtiva.
O dirigente deve possuir um conhecimento profundo da doutrina espírita e da prática mediúnica, além de uma capacidade de discernimento para avaliar a qualidade das mensagens transmitidas.
O respeito aos espíritos desencarnados que se manifestam é outro ponto crucial. O dirigente deve tratar todas as comunicações com seriedade, ainda que o espírito manifeste sentimentos de sofrimento, revolta ou ignorância. Cabe ao grupo oferecer orientação e esclarecimento, sempre respeitando o livre-arbítrio do espírito e evitando imposições ou julgamentos.
A Ética no Tratamento com os Espíritos
Um dos aspectos mais delicados das reuniões mediúnicas é o tratamento dado aos espíritos comunicantes. Muitas vezes, esses espíritos estão em estados de confusão, sofrimento ou revolta, e é fundamental que sejam tratados com amor, paciência e compreensão.
A ética espírita exige que os médiuns e participantes tratem todos os espíritos com respeito, independentemente de sua condição moral ou de sua posição evolutiva.
O médium deve ser um canal receptivo e equilibrado, não permitindo que suas opiniões pessoais, preconceitos ou julgamentos interfiram na comunicação. A neutralidade e o respeito são valores que devem guiar a atuação mediúnica, permitindo que os espíritos se expressem livremente, dentro dos limites estabelecidos pela direção espiritual.
Os participantes da reunião, por sua vez, devem manter uma postura de auxílio fraterno, oferecendo palavras de esclarecimento e encorajamento, sempre orientados pelos princípios do Evangelho.
Deve-se evitar confrontos ou atitudes que possam agravar o estado emocional dos espíritos em sofrimento. A prece, nesses momentos, é uma ferramenta poderosa de auxílio, criando um ambiente de paz e serenidade que facilita o esclarecimento espiritual.
O Controle da Vaidade e da Curiosidade
Um dos maiores desafios éticos enfrentados pelos médiuns é o controle da vaidade e da curiosidade. A mediunidade, quando não corretamente orientada, pode facilmente se transformar em um meio de alimentar o orgulho pessoal, levando o médium a acreditar que possui um “dom” especial ou que é superior aos demais.
Esse tipo de postura é extremamente prejudicial, pois atrai a influência de espíritos inferiores, que se aproveitam da vaidade do médium para disseminar mensagens enganosas ou distorcidas.
O médium deve estar sempre atento ao seu próprio comportamento, buscando constantemente o autodomínio e a humildade. Ele deve lembrar-se de que é apenas um intermediário, um instrumento nas mãos dos espíritos superiores, e que o verdadeiro mérito está no serviço desinteressado e na caridade.
Além disso, a curiosidade excessiva também deve ser evitada. As reuniões mediúnicas não são ocasiões para obter informações sobre o futuro, satisfazer desejos pessoais ou buscar respostas para questões triviais. A comunicação espiritual deve ser sempre orientada para fins edificantes, como o esclarecimento, o consolo e o auxílio aos necessitados.
A Responsabilidade com as Informações Transmitidas
As mensagens transmitidas pelos espíritos nas reuniões mediúnicas devem ser tratadas com grande responsabilidade. Nem todas as comunicações são de natureza elevada, e cabe ao grupo discernir quais mensagens são realmente úteis e quais devem ser descartadas.
Espíritos inferiores ou mistificadores podem tentar influenciar os médiuns com informações falsas ou distorcidas, e é essencial que o grupo esteja preparado para identificar essas interferências.
O estudo constante da doutrina espírita é o melhor caminho para desenvolver o discernimento necessário. O “Evangelho Segundo o Espiritismo” e o “Livro dos Médiuns” são fontes essenciais de orientação, fornecendo as bases morais e práticas para a correta condução das reuniões mediúnicas.
Além disso, as informações transmitidas devem ser tratadas com sigilo e discrição. Muitas vezes, os espíritos revelam questões íntimas ou pessoais, e é fundamental que o grupo respeite a privacidade dos envolvidos, tanto dos encarnados quanto dos desencarnados.
O Propósito das Reuniões Mediúnicas
Finalmente, é crucial lembrar que o objetivo das reuniões mediúnicas é sempre o auxílio, o esclarecimento e a promoção do bem. A mediunidade deve ser colocada a serviço do amor ao próximo, da caridade e da evolução espiritual de todos os envolvidos.
As reuniões que se desviam desses princípios correm o risco de cair em práticas inadequadas, como a exploração comercial da mediunidade ou o uso da prática para fins egoístas.
A ética e a responsabilidade nas reuniões mediúnicas, portanto, são essenciais para garantir que a mediunidade seja uma ferramenta de progresso espiritual, e não uma fonte de desequilíbrio ou engano.
Quando praticada com seriedade, respeito e comprometimento com os ensinamentos do Evangelho, a mediunidade pode ser um poderoso instrumento de luz, capaz de promover a paz e a evolução de espíritos encarnados e desencarnados.
Conclusão
A prática mediúnica exige um compromisso inabalável com os princípios morais e éticos que regem a doutrina espírita. A preparação moral dos médiuns, o respeito aos espíritos comunicantes, a humildade no exercício da mediunidade e o discernimento na condução das reuniões são elementos essenciais para garantir que a mediunidade seja um caminho de crescimento espiritual.
Ao seguirmos esses princípios, podemos assegurar que as reuniões mediúnicas cumpram seu verdadeiro propósito: a elevação moral e espiritual de todos os participantes.